Sou um daqueles fãs que se tornaram obsessivos quando leram “O Apanhador no Campo de Centeio” e que ficou dando o livro de presente para todo mundo na expectativa de que se identificassem e gostassem tanto do livro de J. D. Salinger quanto eu (preciso confessar que muitas vezes em vão). Por isso meu interesse especial por este documentário recente, que não conseguiu ficar entre os 5 finalistas do Oscar da categoria, realizado por um escritor jovem (31 anos), um rapaz chamado Salerno que tem estado envolvido em roteiros nada brilhantes de Armageddon, Shaft (2000) e Alien VS. Predador, mas se sai melhor nesta tentativa de tentar realizar um perfil deste que foi o escritor mais recluso de todos os tempos, J.D. Salinger (1919-2010),que fugiu de câmeras e entrevistas, que recusou que suas obras fossem vendidas para o cinema (porque odiou o que fizeram com My Foolish Heart/Meu Maior Amor, 49 com Susan Hayward e desde então estabeleceu uma ordem de bloquear as obras, mesmo as póstumas deverão sair num ordem que ele determinou antes de morrer).
Salinger é e foi durante anos objeto de culto porque viveu isolado em New Hampshire ao ser venerado pela geração de estudantes logo após a Segunda Guerra Mundial. Judeu por parte de pai, começou a escrever contos muito cedo (e brigou durante anos para tentar editá-los na revista New Yorker), estudou na Universidade de Columbia, mas depois foi lutar na Segunda Guerra, participou do Dia D e de onde voltou traumatizado (também com o Holocausto). O filme não conseguiu uma entrevista dele, no máximo mostra fotos antigas e duas recentes (inclusive uma última já com 90 anos), mas entrevista um número grande de escritores famosos (entre eles, Gore Vidal, A.E.Hotche, Tomas Wolfe, John Guare, Robert Towne, Scott Berg, Doctorow, além de atores como Martin Sheen e o recém falecido Phillip Seymour Hoffman). Também traz o depoimento de algumas mulheres de sua vida e faz um levantamento biográfico bastante completo (o detalhe mais curioso: foi apaixonado pela encantadora e jovem O´Ona Oniell, filho de Eugene e que o deixou frustrado quando se casou com Charles Chaplin, bem mais velho que ela), ou seja, saem em busca de Salinger e na verdade não acrescentam muito e nem tentam resolver o enigma. O que acaba sendo bastante frustrante.