Exibido em Cannes, premiado em San Sebastian e indicado ao César de revelação, este novo filme de Ozon continua a demonstrar que ele é o mais interessante cineasta de sua geração, alternando gêneros (mas procurando ser fiel a sua musa Charlotte Rampling que tem aqui uma participação especial bem eficiente). Sem nunca cair em moralismo, mas nem por isso deixando de abordar temas atuais e polêmicos. Como aqui onde apresenta a história de Isabelle (Martine, que por vezes lembra Julia Roberts com um toque de Brigitte), uma adolescente de 17 anos de pais de classe média confortável, que durante as férias de verão na praia resolve perder a virgindade para um alemão, assim como se livra de um problema.
Retornando as aulas, mais por curiosidade do que necessidade de dinheiro, usando as facilidades da Internet começa a se prostituir encontrando em geral com homens mais velhos em hotéis. Até o dia em que se envolve ternamente com um deles que tem a sorte ou azar de morrer em seus braços. É assim que a polícia descobre e chega a sua família (o pai é distante e com outra família e o padrasto meio desligado). Não havia razão para ela se arriscar a ter a “difícil vida fácil” (até então só teve um cano de um freguês). Por que então quis passar por isso...
Hoje em dia filmes não dão mais explicações únicas ou definitivas., mas ao menos este filme traz um psicólogo e levanta questões, se não respostas. Este já é 35º filme de Ozon (contando os curtas) que já tem outro pronto (Une Nouvelle Amie, com Romain Duris) e aos quarenta e poucos anos (é de 67), se ainda não teve sua obra-prima é sempre confiável. Gostei do filme, que sempre me interessou.