Mesmo ficando fora dos cinco finalistas do Oscar de filme estrangeiro este filme chileno estreou bem está semana passada nos EUA, claro que no circuito de arte. Realmente ela tem um potencial grande de agradar mulheres de meia idade para cima. Que irão se identificar com facilidade com a heroína. Apesar de eu ainda reclamar que hoje em dia os filmes são muito “lights” e “diets” sem nunca mergulhar a fundo na psicologia ou nos problemas dos personagens. Como se não quisessem perturbar seus possíveis consumidores.
Dá a impressão de que o filme foi feito de casa pensado. O diretor Lelio conta a história de uma mulher de 58 anos, divorciada, de classe média, que frequenta bailes para pessoas de sua idade e naturalmente vai se envolvendo com os homens errados. Que só querem se aproveitar, para essa faixa de idade, qualquer vantagem já é coisa boa. Tem um emprego estável e os problemas de seu cotidiano incluem um vizinho bipolar, um gato choramingas, ela sempre procurando encontrar os filhos: Pedro (Diego Fontecilla), que é pai solteiro enquanto a filha (Fabiola Zamzorra), é professora de Ioga e começa um romance com um sueco que gosta de esquiar. Gloria sente-se com a relação com um certo Rodolfo cujo casamento acabou há pouco., mas ele parece ser fraco demais para assumi-la ou satisfazê-la.
Essa é a história de alguém que conhecemos ou faz parte de nossa família. Não especialmente inteligente, ou ambiciosa, ou boa ou má., mas que tem vontade de viver, de ser feliz. Essa é a maior qualidade do filme que é ajudado ao pintar seu retrato com a ajuda de músicas brasileiras na trilha (Banho de espuma da Rita Lee, Águas de Março de Jobim).
O filme foi grande sucesso em Berlim no ano passado onde ganhou o prêmio de melhor atriz, prêmio dos cinemas de arte, prêmio da crítica (que escreveu que é uma celebração da vida para qual estamos todos convidados). É o terceiro longa do diretor Lelio (o primeiro ao menos tem nome sugestivo La Sagrada Família).