Qualquer um que tenha nascido de uma família de origem portuguesa vai se identificar e se divertir muito, até mesmo se emocionar, com está comédia franco-portuguesa que ganhou o Prêmio do Público no Importante European Fillm Awards (o melhor do cinema europeu).
Curiosamente o filme foi produzido por uma ex-estrela de cinema dos anos 50, Danièle Delorme (que foi casada com Daniel Gélin e o filho deles Hugo Gélin, que dirigiu Comme de Fréres aqui co-escreveu o roteiro) e é viúva do diretor Yves Robert. Nem todo mundo sabe que a França tem uma grande colônia de portugueses que se mudaram para lá como força trabalhadora logo depois da Guerra e foi assim que conseguiram construir suas casinhas e fazer seu pé de meia. Muitos deles porém continuaram na França e foram absorvidos pela cultura local (e o filme com discrição mostra porque, são gente boa, obedientes, comportados, as vezes até demais).
Aqui se conta uma história atual, de um casal José e Maria, que vivem como caseiros (um habito muito comum na França, o chamado Concierge, vive numa habitação modesta de um casarão de gente rica, em troca de prestar serviços como caseiro, entregar cartas, cuidar do jardim e assim por diante. Eles já fazem isso há anos e vivem felizes, sendo que José também é chefe de uma firma construtora. Tem um casal :um rapaz adolescente que estuda e uma moça já adulta que depois se descobre namora o filho do chefe do pai dela.
O filme não tem nada de chanchada que resultaria caso fosse brasileiro e não cai em caricatura nunca. Mostra na verdade todos com bastante carinho (sem aprofundar ou brincar com defeitos dos portugueses - fala sim do bigode, bacalhau e o tema musical do filme é a celebre canção “Uma casa portuguesa”, aquela que diz “com certeza tem pão e vinho sobre a mesa!).
Todos são bonzinhos e afáveis e isso nem muda quando chega a notícia que a família herdou uma rica propriedade no Porto, uma velha casa com vinhedos. O único problema é que eles têm que retornar a terra natal e não sair mais de lá sob pena de tudo ir para a Igreja.
A dificuldade óbvia é que todos já se consideram franceses (os defeitos dos franceses são ainda menos explorados, nem a famosa irritação parisiense) e o boato de serem ricos rapidamente se espalha. Criando problemas. O suficiente para tornar está comédia de diretor estreante em longa. simpática e agradável.