Crítica sobre o filme "Vida Secreta de Walter Mitty, A":

Rubens Ewald Filho
Vida Secreta de Walter Mitty, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 21/12/2013

Fazia tempo que eu não sai do cinema, ainda mais em um filme comercial americano, tão feliz e emocionado. Também surpreso porque não imaginava que o astro e comediante Ben Stiller demonstrasse tanto talento como realizador já que os filmes anteriores dele não justificavam essa esperança. Ele aqui foi procurar um filme favorito dele que era do produtor Samuel Goldwyn (que não por acaso produziu este remake). Na época foi sucesso como O Homem de Oito Vidas/The Secret Life of Walter Mitty, 48, estrelado por Danny Kaye (Natal Branco), um comediante ruivo e exagerado, famoso por falar rápido e parecer sempre exagerado. Por sua vez a história era inspirada em famoso conto de James Thurber (1894-1961), que teve sua vida filmada em 72, como Guerra entre Homens e Mulheres com Jack Lemmon onde essa obra virava desenho animado (ao menos num trecho). 

O problema com o original é que se repete demais, é sempre a história de um homem tímido e desajeitado que na vida real faz tudo errado. No caso ele trabalhava numa editora de livros baratos, pulp fiction e isso o influenciava porque ele se imaginava em perigosas aventuras, sempre salvando a mocinha (que era Virginia Mayo). O roteiro de Steve Conrad (À Procura da Felicidade, O Sol de Cada Manhã) usa isso como ponto de partida, mas depois de três sequências rápidas nesse tom (uma delas homenageando Hancock) logo pega outro caminho, não vou entrar muito nisso., mas é uma excelente solução. Assim como é ótima ideia situar a ação nos bastidores da revista Life, famosa por seu foto jornalismo e tornar Mitty o preservador dos negativos e contatos (Provas de fotos), homem de confiança do maior fotografo do mundo(agradável, mas curta aparição de Sean Penn).Só Life vai acabar (como sucedeu) e virar apenas revista on life (coisas dos dias que correm) e chegou o cara antipático que vai fechar tudo e mandar as pessoas embora. E Walter sumiu com o negativo da foto que ele quer para a capa da última edição. Como fazer para recupera-la?

Há também o suave romance com uma garota do escritório a surpreendentemente muito doce Kristin Wiig e também a registrar a aparição discreta e humana de Shirley MacLaine, muito envelhecida, mas sempre eficiente. Não é à toa que este filme foi selecionado para o rigorosíssimo Festival de Nova York onde foi muito bem recebido.

Tudo nele deu certo, a belíssima trilha musical (a gente sai impressionado com a canção que está tocando), a excepcional fotografia, a direção precisa e sem nenhum exagerado comum em comediantes. Sem esquecer as cenas no Himalaia, na Islândia, de tirar o fôlego. 

Talvez o ritmo pudesse ser mais intenso, a trama podia começar mais cedo, mas para que? Embarquei inteiramente neste filme belíssimo e divertido.