Crítica sobre o filme "Eu e Você":

Rubens Ewald Filho
Eu e Você Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/12/2013

Fiquei profundamente decepcionado com este filme pequeno que marcou a volta ao cinema de um dos maiores diretores do cinema europeu de sua geração, o lendário Bertolucci que ganhou inúmeros Oscars por O Último Imperador, mas deixou sua marca com clássicos ousados como O Último Tango em Paris, O Conformista ou La Luna. Mesmo nos mais recentes, mas ainda interessantes Beleza Roubada e Os Sonhadores (o filme anterior justamente que foi de 2003, ou seja, ele passou nove anos afastado também com problemas de saúde. Sofreu uma queda que machucou suas costas e o obriga a andar de cadeira de rodas. Todos imaginavam que ele não voltasse a dirigir).

De qualquer forma eu tive dificuldades para justificar este projeto, interpretado por desconhecidos e praticamente todo feito num único ambiente fechado, um porão (Isso não quer dizer muito já que Assédio, de 98, se passava numa única casa velha de Roma e resultou numa obra –prima). O que teria se passado com Bertolucci para ter um filme com atores tão mal dirigidos, uma fotografia escura e uma trama que aponta para várias direções e não pega nenhuma.

Para começar é baseado num romance (de Niccoló Ammaniti) que foi adaptado pelo autor e como é costume na Itália, três outros, Bertolucci, Umberto Contarello e Francesca Marciano. O elenco central traz um garoto estreante e nada fotogênico que não justifica sua presença. Um equívoco que ajuda a abalar o filme.Foi a revista inglesa famoso Foi a famosa revista inglesa Sight and Sound que disse que o filme parece apenas um exercicio em claustrophobia (ou claustrophilia, como chamou o diretor) A história é sobre um garoto adolescente e sua meia- irmã mais velha que passam uma semana juntos, acampados no porão da casa da família. (Já houve outra adaptação do mesmo autor por Gabriele Salvatores, que foi Eu Não tenho Medo, de 03) e que termina em tons religiosos (aqui Bertolucci não chega a tanto, mas ao menos deu um final mais feliz do que no livro). Várias vezes ele brinca com a possibilidade de incesto, mas não tem a coragem de ir até o fim., mas deixa isso mais na cabeça do espectador do que na tela (Lorenzo de 14 anos e Olivia de 25 se gostam e dormem perto um do outro, mas só isso). Outra dica já tinha ocorrido num restaurante onde Lorenzo estava com a mãe Arianna e levantava questões embaraçosas sobre o tema, mas para quem já foi o grande provocador e estilista do cinema é muito pouco. Não dá para escondermos a decepção.