Crítica sobre o filme "Estranho no Lago, Um":

Rubens Ewald Filho
Estranho no Lago, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/12/2013

Este foi um dos poucos filmes que causaram sensação no último Festival de Cannes, onde foi apresentado na sessão paralela Un Certain Regard, onde levou os prêmios de direção e melhor filme gay. Não chega nem a ser novidade misturar uma trama policial com cenas de sexo explícito. Ainda assim alguma coisa no filme, talvez sua franqueza despudorada, a realidade com que expõe o comportamento de trocas sexuais e paqueras ou simplesmente o tratamento serio que o diretor dá a narrativa (que bem a moda francesa é lenta, arrastada, passa-se unicamente numa única locação - um lago durante o verão, sendo que em vez de areia, tem aqueles pedregulhos das praias francesas que machucam as costas e tirariam todo o prazer de ser nudista!). E para o meu gosto, ainda por cima tem um final aberto (ou quase).

Esse lago é frequentado por gays, que se banham nus e aproveitam o mato em volta (parte da praia apenas é escondida, em outra é utilizada por pessoas comuns) para os encontros sexuais e casuais. O herói Franck (feito por Pierre que tem pelo menos dez créditos com ator) vai lá em busca de sexo, mas não tem problemas em fazer amizade com um homem hétero e mais velho (Patrick), que terminou com a namorada, mas que acabara se interessando por ele, mesmo sem ter esperanças, quase que viram amigos. O filme vai devagar e mais ou menos no meio, Franck encontra o homem de seus sonhos, o bonitão Michel (Paou, que tem 21 créditos) que já tem um companheiro. Fica perambulando pelo mato (não sei o que faria por lá quando escurece) e no lusco-fusco do anoitecer testemunha quando Michel sem muita explicação, afoga o namorado. E sai belo e formoso como se nada tivesse acontecido.

Quando dias depois é encontro o corpo, isso naturalmente atrai a polícia, mas Franck em vez de fugir de Michel, sente-se ainda mais atraído, passando a ter momentos de sexo e por fim se apaixonando. E até reclamando quando o outro não quer prosseguir a relação fora daquele ambiente. O filme é isso, cria um certo clima, mas não chega a ser um suspense. As cenas explicitas são frequentes, mas não exageradas (naturalmente isso vai variar de espectador para espectador e o grau de familiaridade que tem com o gênero) e por vezes me pareceram simuladas. Não sei dizer se nunca houve outro filme igual ou simplesmente não os conheci, mas pela reação da sessão de imprensa eu fui dos poucos que não me choquei nem gostei especialmente.