Crítica sobre o filme "Carrie - A Estranha":

Rubens Ewald Filho
Carrie - A Estranha Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/12/2013

Tem sido sempre uma má ideia refazer os filmes clássicos de terror dos anos 70-80, que foram todos invariavelmente fracassos, mas são teimosos e incrédulos. No caso, de Carrie, a Estranha de Brian De Palma, de 1976, foi não apenas a revelação do cineasta então no auge de sua criatividade e mesmo loucura (uso de telas múltiplas, delírio de imagens), mas também do escritor Stephen King (seu primeiro êxito de uma brilhante e até hoje espetacular carreira), da estrela Sissy Spacek (que virou estrela com o filme, que lhe deu indicação ao Oscar assim como a veterana que fez sua mãe Piper Laurie. Não espere nada disso por aqui). Ainda me lembro bem da reação da plateia espantada com as novidades do filme, numa época apesar dos pesares bem mais liberal que agora, começando com a sequência quase inicial quando Carrie sente-se menstruada pela primeira vez na vida. Sem saber do que se tratava porque a mãe era fanática religiosa, ela chorava e pedia socorro para ser alvo de zombaria. Tudo isso era mostrado no chuveiro, em câmera lenta, com quase todo o elenco feminino inteiramente desnudo. Ao mesmo tempo chocante, poético e erótico. Para se ver a diferença clara bvasta dizer que o filme nesta sua dispensável refilmagem começa com a mãe numa cama tendo sozinha o bebe e literalmente banhando-se em sangue. Que lhe mancha totalmente o lençol! Grita, sofre e pega uma tesoura com que pensa em matar a criança, mas olhando nos olhos dela muda de ideia e corta o cordão umbilical. A diretor Kimberly Peirce que só dá certo com filmes sobre lesbianismo (Meninos não choram) deve ter pensado que era um grande achado. Depois que vem uma cena na piscina, com imagem meio disforme e a crise no chuveiro (todas vestidas!), mas a única coisa moderna é que a vilã da história, a mau caráter vai tirar uma foto de Carrie e publicar nas mídias sociais (Quando chegar a hora do acerto de contas, a vingança será muito mais elaborada, mas também mais banal do que a Carrie original).

 Não sei o que achar de Chloe Grace Moretz que é a única das intérpretes de Carrie que ao menos é realmente adolescente (Sissy tinha 26, Angela Bettis que fez o papel na versão de 28 para a teve já com 28 enquanto Chloe chegara apenas aos 15, mas isso não faz a menor diferença quando tudo o mais é inferior (fico pasmado com a celebre sequência final da versão De Palma que criou escola e acabou virando mesmo clichê. A da aqui é semelhante, mas muito fraca, parece mesmo ter sido feita na pós-produção, na falta de coisa melhor). Pode-se reclamar também do elenco onde a única figura simpática a professora é a competente e já conhecida Judy Greer (mesmo assim também apanha na vingança). A cena do baile da Prom, que era toda barroca, envolvente, parecendo que o mundo realmente enlouqueceu foi substituída por uma orgia inferior de destruição, sem aquele fluir de detalhes que tornaram o primeiro tão memorável. Custou 30 milhões de dólares e rendeu 35 ou seja nem se pagou! Apesar de ter sido lançada no Halloween! Outra ideia burra que deu errado.