Crítica sobre o filme "Como Não Perder Essa Mulher":

Rubens Ewald Filho
Como Não Perder Essa Mulher Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/12/2013

Quem quer que tenha sido o orientador da carreira deste rapaz chamado Gordon Levitt fez um bom trabalho. Ele é neto do diretor Michael Gordon (Confidencias a Meia Noite com Doris Day e Rock Hudson), que foi perseguido pela Caça às Bruxas. Começou como ator infantil, depois conseguiu ser fixo num sitcom de sucesso (3rd Rock from the Sun, 96-2001). Foi estudar em Nova York na Universidade de Columbia e aos poucos começou a fazer papeis pequenos em filmes grandes e estrelar produções independentes, em papeis de assassino ou gay ou qualquer coisa polêmica que passaram a lhe dar reputação de ser cool e transado. Na verdade, não é nada especial. Não é bonito, não é forte, alto ou grande ator. Pouco expressivo, foi uma decepção como o recente e disfarçado Robin do Cavaleiro das Trevas, mas nem por isso deixou de ser prestigiado e cultuado como um astro jovem (32 anos) que agora se pode mesmo dar ao luxo de dirigir um filme Classe A (ou B menos). Co estrelado pela bela e igualmente prestigiada Scarlett Johansson. 

O título nacional não dá uma ideia correta do que se trata o filme, não é uma comédia romântica com tantas outras, não apenas porque lhe falte um “centro”, um ator forte o suficiente para justificar um personagem pouco simpático e que Levitt deixa apenas enigmático. Rodado por apenas 6 milhões de dólares, rendeu 22 milhões, ou seja, foi lucrativo ainda que não tenha tido boa repercussão. Não que já tenham descoberto que ele é uma fraude, simplesmente afastou o público feminino que não gosta de pornografia (outros sobre o tema como “Lovelace” foram igualmente mal falados) sem agradar tampouco os que são viciados ou especializados nessa indústria. O título original parece se referir de forma irônica a figura do Don Juan, o grande conquistador de mulheres. O problema do protagonista é outro. Jon (Levitt) é obcecado por sexo, só pensa isso, só gosta de fazer isso. Mora em New Jersey, é muito católico (e se confessa com frequência no filme), gosta da família (Tony Danza faz o pai dele em papel totalmente mal desenvolvido, aliás, com tudo no roteiro), mas só é feliz mesmo se, masturbando diante da pornografia que consome de forma delirante (chega ao cumulo de depois de concluída a relação sexual com uma mulher partir para o lap top para se, masturbar). Depois de nos apresentar Jon após algumas ligações malsucedidas com belas mulheres, ele finalmente se esforça para tentar conquistar a mais bela delas, Barbara (Scarlett), mas nem assim é capaz de se conter (e a moça descobre o monstro que ele esconde). E quando isso não dá certo, o script arranja um jeito de colocar no caminho dele uma mulher mais velha, que tem uma sequência de romances infelizes, mas com quem ele se diverte sexualmente (o papel pasmem é de Julianne Moore, que passando os cinquenta e apesar da pele delicada de ruiva, ainda está um bela mulher e convence inteiramente num papel extremamente mal desenvolvido).

No final das contas, é impossível gostar de Jon, mesmo quando o diretor não o julga nem o aprofunda (nem o psicanalisa). Nem sua obsessão sexual. Limita-se a ilustrar sua aventura, com muito ritmo, direção ágil, apontando o problema, mas nunca resolvendo-o ou sequer discutindo-o. E o pior, fazendo um drama que não dá certo disfarçado de comédia romântica. Shane que de certa maneira abordava o mesmo tema foi melhor e mais interessante.