Tem sido surpreendente a posição liberal de Israel em relação aos direitos dos homossexuais, demonstrado em alguns filmes recentes e principalmente neste dramático e contundente filme de diretor estreante em longa Michael Mayer. Ganhou os Festivais de Haifa, Guadalajara, Miami, Nashville, Filadélfia, Rochester, San Francisco, Torino, Toronto.
Uma variante do eterno Romeu e Julieta, conta-se a história de um rapaz palestino, Nimir (o estreante Jacob) que tem problemas com sua família que nem pode saber de sua orientação sexual. De vez em quando ele consegue cruzar a fronteira e vai a alguma boate gay correndo risco de vida. Numa dessas vezes conhece um simpático e atraente advogado Roy (Michael Aloni, que lembra o jovem Michael Douglas e parece ser famoso lá, porque desde criança era apresentador de shows de teve). Aos poucos os dois se apaixonam.
Se há vilões nessa história toda são a família de Nimir (o irmão dele faz parte de grupo terrorista e nenhum deles pode aceitar a homossexualidade, razão suficiente até mesmo para matá-lo). Os israelenses são mostrados com maior compreensão, a família de Roy questiona e levanta os problemas que surgirão, mas aceitam a vida do filho e temem pelo romance tão arriscado. O problema é que há uma polícia secreta que leva a ferro e fogo sua tarefa de impedir atentados e não tem paciência para ser compreensiva, encaminhando tudo para a inevitável tragédia. Felizmente os autores do filme tinham a consciência de que num filme assim é recomendável se dar uma esperança, uma possibilidade. Como pediam sempre os produtores de Fellini.
Não há dúvida que o filme (que lembra outro anterior, com a mesma mensagem, Bubble/Idem, tem uma postura positiva e pode chegar a emocionar. Eu levanto uma questão apenas. O casal de rapazes é apresentado como apaixonado, mas não será por causa do sexo (as cenas são extremamente discretas e não demonstram o fervor sexual como uma das razões para a paixão) nem senti essa tão grande emoção com a dupla (acho particularmente limitado o rapaz que faz Nimir, ele tem olhos mortos, e a verdade que tem olhos brilhantes e vivos é um fator definitivo para o sucesso no cinema. De qualquer forma, ele é árabe, mas a mãe é italiana, não quer ser ator, mas piloto da Lufhthansa, quem foi fazer o teste era sua namorada que o indicou na última hora!), mas a gente sempre torce para que a versão militante de Romeu e Julieta, que os heróis vivam felizes e superem os preconceitos e barreiras políticas e familiares. Como deveria ser sempre.