Cr�tica sobre o filme "Castelo na Itália, Um":

Rubens Ewald Filho
Castelo na Itália, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/10/2013

Durante as viagens a Festivais no exterior, tive a chance de entrevistas algumas vezes a atriz Valeria Bruna Tedeschi (que já na época lutava para ser a anti-Carla Bruni, porque era irmã da famosa e bonita modelo, que depois se tornaria primeira dama da França). Valeria não é especialmente bonita, mas é boa atriz e talentosa como vem demonstrando como diretora agora com este filme que chegou a concorrer a Cannes 2013 (não levou prêmio, mas isso é compreensível já que se trata de uma comédia).

Escrito por três mulheres, o filme tem um humor especial, meio negro, totalmente original, muito criativo. Ao menos foge do lugar comum, com romance inusitados, situações de constrangimento e resoluções inesperadas. E achei uma ideia especial Valeria escalar como a sua mãe na história, sua mãe verdadeira (ainda que escondida por outro sobrenome, extremamente convincente, com jeito de gente de verdade, não atriz).

Seu personagem chamado Louise Rossi Levi poderia ser classificado como “ciclo tímica” e como a própria Valeria era uma atriz que se afastou da carreira (ela deixou de fazer filmes para se concentrar na direção). Sua família já foi muito rica, esconde segredos não muito louváveis e ainda mantém um decadente palácio na Itália (na região de Torino, ou seja, Piementose), porque o falecido pai era dono de uma grande fábrica que aos poucos foi entrando em decadência. Eles não têm como pagar as contas, mas esbarram na teimosia da irmã dela, Ludobvic (que fez Mussolini em Vincere e que acabo de descobrir que tem um problema de visão que o deixa quase Cego, apesar dos olhos penetrantes). Tem a seu lado uma namorada fiel (que conhecemos de Além da Vida, Ferrugem e Osso, Maria Antonieta e L´Appolonide). Só que está morrendo lentamente de Aids. Há ainda um amigo alcoólatra que parece entrar na história para jogar verdades na cara da família (feita pelo agora gordo diretor Xavier Beauvois), alguns empregados fieis) e principalmente um interesse romântico muito divertido, já que se apaixona por uma ela um rapaz vinte anos mais novo, que também é ator, mas vive em conflito semelhante ao dela em relação a profissão e que resulta na melhor interpretação do sempre interessante Louis Garrel ( Os Sonhadores, Canções de Amor). As brigas do casal são divertidas e fogem do lugar comum dos romances. Os especialistas notam a mão no roteiro de Noemie Lvovsky (de Adeus, Berthe e Camille, outra vez).

O que foi me envolvendo é justamente o humor original, o drama familiar convincente, a competência de Valeria e também a bela sequência da arvore familiar que tomba. Só depois que fiquei sabendo que o filme tem muito de autobiográfico, que a mãe é realmente pianista de concerto, que Garrel foi realmente namorado dela (até o ano passado), que Valeria perdeu um irmão Virginio em 2006 com Aids e que também pensa em ter filhos (adotou bebe senegalês com Garrel). Em seu terceiro trabalho como diretora (È più facile per um Cammello, 03 e Attrici, 07), ela já se encontrou.