Crítica sobre o filme "Blind Detective":

Rubens Ewald Filho
Blind Detective Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/10/2013

Apesar de ter dirigido mais de 50 filmes e já ser há alguns um habitual do Festival de Cannes, o diretor chinês de Hong Kong, Johnny To é ainda pouco conhecido no Brasil. Vários saíram em DVD, mas ele não tem o status de Cult que merecia, principalmente por seus filmes de gangster, melhores mesmo do que os do hoje esquecido John Woo. Uma pena que Este Blind Detective não seja dos mais expressivos e tenha tido uma crítica muito negativa em especial no Oriente. Antes de tudo porque se trata de uma comédia (dizem que romântica, mas não para os padrões ocidentais, está mais para o pastelão, é preciso se acostumar com os hábitos chineses (ou cantoneses) como falar muito alto, jogar sapatos, coisas assim).

Admiro o controle visual do diretor, que sempre sabe enquadrar bonito, é um grande encenador de cenas de ação, mas infelizmente aqui não há muito que celebrar. A história se passa na Hong Kong atual mostrando um detetive Chong Si-teum (o veterano astro local Andy Lau) que foi forçado a se aposentar quatro anos antes por ter problemas com retina descolada. Agora ainda trabalha em casos onde tem recompensas, ajudado por um amigo ainda policial Szeto (Guo Tao). Quando na rua o detetive desconfia de um gordo maluco que irá ameaçar as pessoas jogando ácido sulfúrico nelas, é ajudado por uma garota Ho Ka-tung (Sammi Cheng). Os dois ficam amigos e meio parceiros (se envolvendo em algumas situações de perigo, mas sempre tratadas como comédia). Até quando ela pede ajuda pra resolver um caso antigo pessoal, o desaparecimento há uma década atrás de uma colega de escola Siu-man quando recusou sair uma noite e está despareceu, deixando-a sentir culpada. Eventualmente terá serial killer na jogada.

Até é uma ideia unir um deficiente visual com uma pessoa comum numa investigação já que ele teria qualidades sensitivas (prestar mais atenção a ruídos, vozes, cheiros) do que muitos, mas isso não chega a ser muito aproveitado nem mesmo o relacionamento do casal (o espectador local notou coisas que para nós passam em branco como o fato de que a dupla já havia feito vários filmes antes, mas a garota Sammi ficou anos fora e só retornou com este filme (primeiro encontro da dupla em 7 anos!). Outra coisa curiosa para eles é que o filme mistura atores de HK com outros da chamada mainland (terra principal). Nada disso somos capazes de decifrar embora ache simpática a citação de Perfume de Mulher, com Al Pacino, quando o cego dança com uma bela mulher (aliás, linda), num salão, num momento bem agradável. Outros críticos acham que o filme lembra um filme anterior de To, Mad detective (2007) e reclamam do roteiro que foi feito por um dos escritores de maior prestigio local e parceiro habitual de To. A trilha musical foi feita por um canandense vindo da teve Hal Foxton Beckett.