Crítica sobre o filme "Amor sem Pecado":

Rubens Ewald Filho
Amor sem Pecado Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/11/2013

O público americano ignorou este filme que teve uma bilheteria ridícula (cerca de 317 mil dólares para um orçamento de 16 milhões) apesar da atraente e permissiva história da romancista australiana nascida na Pérsia e ainda viva Doris Lessing (muito famosa no exterior muitos de seus livros viraram telefilmes, mas nunca chegaram aqui).Para adaptar este The Grandmothers, chamaram o brilhante escritor inglês Christopher Hampton (Ligações Perigosas) e a diretora francesa Anne Fontaine que sempre gostou de temas polêmicos, como O Preço da Traição com Amanda Seyfried, Coco Antes de Chanel, o divertido A Garota de Monaco, Nathalie X, com Emanuelle Beart e Depardieu, Lavagem a Seco (talvez o melhor, onde um homem casado aceita ser passivo com um jovem invasor).

Feito com fotografia idílica e solar, numa região litorânea da Austrália, começa com a morte do marido de Naomi, num acidente de carro. Logo os dois meninos (um de cada) se tornam adolescentes e surfistas. Vivem felizes e a história poderia tomar vários caminhos (como incesto, relação lésbica entre as mulheres, gay entre os jovens), mas prefere uma que não me lembro de ter visto no cinema (ou na vida real).Assim Ian (Xavier),filho de Lil (Naomi) está apaixonado por Roz (Robin) e lhe da um beijo que evolui para um romance. Tom (Frechville) filho de Roz percebe tudo e quase por reciprocidade resolve atacar também Lil, que adere com alguma relutância. Os quatro vivem bem (o apagado marido de Roz muda-se para Sidney) até o dia em que Tom vai estudar fora,faz peça de teatro e se interessa por uma cantora talentosa. Eventualmente Roz resolve se sacrificar e terminar tudo. O filme dá um pulo e vai para dali há alguns anos, quando os rapazes já estão casados (Ian com uma garota que o ajudou quando teve acidente surfando) e com filhos e elas viraram sogras bem-comportadas. Nem tanto porque Lil e Roz transam as escondidas. 

Tudo isso é contado sem muita convicção. As cenas de amor são sem vitalidade ou vibração (há discretas visões dos traseiros, masculinos, mas nada muito forte) e mesmo quando em conflito o quadrilátero esbarra em problemas. Os dois rapazes são bem apessoados (Ian mais que Tom, que é meio estrábico e desajeitado), mas sem personalidade e mesmo as duas estrelas, de talento comprovado, parecem arrependidas de ter aceitado o projeto. 

O que podia ser um filme muito apaixonante se torna entediante e decepcionante.