Crítica sobre o filme "Meu Passado Me Condena - O Filme":

Rubens Ewald Filho
Meu Passado Me Condena - O Filme Por Rubens Ewald Filho
| Data: 25/10/2013

Nunca assisti a série de teve cujos cinco capítulos também foram realizados por Julia Rezende, filha do diretor Sergio Rezende e a produtora Mariza Leão (ela estreou com curta que ganhou o I Festival de Paulínia e no ano seguinte retornou com outro, demonstrando o talento que confirma aqui. Também ela dirigiu a série). Mas a julgar pelo que vi na noite de segunda-feira, com a sala quase cheia num shopping de Cotia, o público adora o filme e ri para valer. E realmente ele é muito melhor do que a média, inclusive porque não cai na chanchada rasgada de outros. 

Teme-se que o humorista Fabio Porchat esteja se expondo demais e acabe cansado o público (vide Jim Carrey no exterior, Marcelo Adnet por aqui) justamente no momento em que está chegando a papéis centrais e saindo-se bem ao criar uma “persona”, um tipo particular um pouco efeminado, mas que no fundo é apenas um sujeito meio infantil, de bom coração e sentimentos puros, que fala demais, é pão duro e não entende nada de mulheres.

 A está altura ele já desenvolveu um tipo de diálogo, minto, seus textos são longos, quase monólogos, que ele diz rapidamente, despejando besteiras e perolas filosóficas. O engraçado é que por causa dos filmes anteriores a gente já se acostumou com ele e passou a gostar do personagem. 

É evidente que este longa nasceu de um acordo com uma companhia italiana de viagem marítimas e portando feito para louvar os prazeres da excursão (nem se menciona por exemplo o vento inclemente e se pula simplesmente a sequência do enjoo obrigatório e do mar jogando os passageiros de um lado para outro, todos esses constantes do gênero “filme de navio”, mas tudo bem o país é pobre, não teria outra maneira de se bancar um filme assim internacional, com paradas em Casablanca e Itália e foi com certa nostalgia que revisitei o gênero (que me fez lembrar os filmes de férias que os italianos justamente faziam nos anos 50-60 com Alberto Sordi e belas mulheres!).

Enfim, já começa com o casal se casando no civil (mas ela com roupa de noiva)e partindo para a lua de mel no navio (só pelo release que soube que eles se conheciam há pouco tempo), Fábio trabalha com festas de crianças no bufet do pai e ela Miá é uma jornalista bem colocada. À Bordo encontram um ex-namorado dela e a mulher deste, que é médica alternativa e que por coincidência foi a paixão do herói quando criança (aliás, mais uma vez o garotinho nada tem a ver com o Fabio grande!). Na viagem a bordo, se envolvem com um casal de atendentes vigaristas, mas de bom coração (não sei como a Costa não reclamou deles, mas os dois ajudam muito em sustentar o ritmo da história) e tem até uma aparição super simpática de Elke Maravilha (por sinal, ela foi o tema do curta original da diretora). 

O filme ameaça se perder no final do primeiro ato, mas dá uma reviravolta e consegue terminar muito bem (a moça Julia tem jeito para a comédia e também o romance). Auxiliado e muito pela presença muito divertida de Rafael Queiroga - o Elmiro Miranda da TV - como o amigo Cabeça (que tem algumas das melhores sacadas). 

Não gosto de ver este tipo de comédia nacional com a imprensa e posso me atrasar um pouco ao esperar assistir com o público, que é sempre o melhor juiz. Comecei a ler uma, mas dizia o óbvio, chamando o filme de apressado etc e tal. O Importante é que conseguiram lhe dar estrutura e dosar o humor de forma inteligente, sem apelar demais.