Alguns anos atrás, Vin Diesel participou de um filme que virou Cult chamado Eclipse Mortal (Pitch Black, 2000), do mesmo diretor que aqui, David Twohy. Era sobre uma astronave que caia num planeta desértico e inóspito, habitado por estranhas criaturas. Entre os passageiros que se salvavam, estava uma moça que assumia o comando, um caçador de recompensas, um antiquário, vários mulçumanos que viviam rezando para Deus e principalmente um perigoso assassino. Aos poucos, eles descobrem que havia mineradores por lá e que desapareceram atacados por um tipo de monstro. Detalhe: os monstros não conseguem enxergar na claridade, eles só atacam no escuro e como o planeta tem três sóis é dia eterno. Com uma exceção que se aproxima, quando os três ficam alinhados provocando um eclipse. Com ajuda de fogo e baterias eles tentam sobreviver, mas a única chance é com o ex-prisioneiro sem escrúpulos, que fez operação que o deixa ver apenas no escuro. O diretor é o mesmo de “A Invasão” com Charlie Sheen, não propriamente um clássico, mas os roteiristas Jim e Ken Wheat, escreveram um dos telefilmes sobre os Ewoks, inspirado na série “Star Wars”. Com um orçamento modesto, um elenco pouco conhecido, locações na Austrália, o filme é uma absorvente história, realizada com uma montagem rápida estilo MTV e fotografia criativa. Embora seja basicamente um filme de terror/ficção cientifica, é muito bem narrado, com muito clima, sem sustos fáceis, mas um visual muito interessante.
O problema é que depois o projeto foi comprado pela Universal que teve a infeliz ideia de transformá-lo em superprodução virando A Batalha de Riddick (The Chronicles of Riddick, 04) certamente o pior blockbuster da temporada (um título misterioso, já que Riddick é um personagem, o herói. Geralmente a Batalha é um lugar e não uma pessoa). Embora se afirme uma continuação, pouco ou nada tinha a ver (tanto que existe um desenho animado chamado The Chronicles of Riddick: The Dark Fury, 2004, de Peter Chung, que pretende fazer a ligação entre os dois filmes, explicando um pouco melhor as coisas que aconteceram nos 5 anos entre os dois fatos ). O absurdo é que esse desenho foi lançado apenas depois da estreia do filme. Portanto quem fosse ver aquele filme, não entenderia muita coisa. Dos filmes recentes foi dos que menos fez sentido, sem pé nem cabeça, pior que filme de David Lynch quando eles trocam os rolos.
O conselho era esquecer o original e tentar enfrentar o filme como estava. Sua única qualidade era o visual, o desenho de produção, a direção de arte (Holger Gross) que era espetacular. Lembrando um pouco o antigo Duna, mas é intrigante, estranho, espetacular (o filme era bonito ainda que tolo). Na verdade, acho que a própria Universal achava isso porque o poster do filme também não queria dizer nada, não vendia nada. No melhor estilo “space opera”, o filme conta a história de uma raça os Necromongers que estão dominando o mundo, dopando as pessoas com uma droga que os deixa mansos. Riddick que continuou fugindo de mercenários que o perseguiam nesses cinco anos, acaba sendo capturado também, mas resiste as pressões para eventualmente liderar o líder Lord Marshal daquela seita (naquelas lutas absurdas onde era muito mais fácil matar o sujeito do que ficar brigando a socos). Batalha de Riddick custou 105 milhões de dólares e rendeu nos EUA apenas 54. De qualquer forma, foi dinheiro jogado fora e não era para ter continuação, mas trocou seu retorno a franquia Velozes e Furiosos, em troca de ter mais este filme da série. Por isso que temos este filme então, que teria custado 38 milhões de dólares e rendido nos EUA 40. No exterior por enquanto outros 44 milhões.
Neste capitulo 3, pouca coisa acontece na primeira meia hora, além do herói (que se chama Riddick) acordar no deserto, onde foi abandonado para morrer. Sendo sucessivamente atacado por bichos feios e predadores, que o tentam matar (um deles uma espécie de cachorro monstrengo eventualmente será um animal de estimação domesticado). Como ninguém está entendendo nada, há também um flash-back de Riddick lutando com o inimigo do filme anterior, feito por Karl Urban, aquele de Senhor dos Anéis que tem uma cara imemorável (Vin murmura um monte de filosofadas, mas como se sabe a dicção e a voz de Vin Diesel não se presta a esse tipo de expressão artística). Assim traído pelos seus, logo Riddick se vê perseguido também por caçadores de recompensa (dois grupos que se odeiam entre si) que irão ser vítimas de sua vingança antes de retornar para seu planeta de origem Furya tentando salva-lo da destruição.
O espanhol Jordi faz o líder dos mercenários, mas desta vez a direção de arte é ruim, chega a lembrar faroeste italiano do inesquecível Giuliano Gemma em cenário inconvincente de estúdio, pior que John Carter de Marte. Depois de Papo Furado entre os invasores, Riddick é abatido por balas especiais e seu cão morto. Enquanto grande tormenta se aproxima e noturna...
Chega de resumos. Este é daqueles divertimentos machos, homoerótico, onde até a única mulher importante é, masculinizada. De qualquer forma, quem for ver um filme de Mr. Diesel já sabe o que esperar. Eu preferia aconselhar descobrir o primeiro Eclipse de qualquer forma nos últimos vinte e cinco minutos no escuro a ação finalmente esquenta. Um detalhe: reparem como o que faz o maior rival, que seria Boss Johns (Matt Nable) é a cara de Charles Bronson.