Este foi o filme que representou oficialmente Israel no Oscar de produção estrangeira este ano (não ficou entre os finalistas, mas levou sete prêmios da Academia local, ganhou Festivais de Palm Springs, Haifa, teve 2 indicações ao Independent Spirit e ganhou 2 prêmios inclusive melhor atriz em Veneza. Além disso ganhou melhor filme do júri internacional na Mostra de São Paulo.
É o trabalho de estreia de uma diretora que pode ser criticada por não contestar regras e costumes religiosos e se contentar em apresentar uma situação que deixa pensar que a única finalidade na vida de uma mulher é justamente se casar. Mostra de forma muito positiva a história de uma jovem de uma família judia ortodoxa que é pressionada pela mãe a se casar com o viúvo de sua irmã.
Parece que Burshtein fez antes filmes apenas para as mulheres da comunidade ortodoxa Haredim (a que a realizadora pertence) e agora pinta um retrato positiva dessas mulheres que são fortes mesmo que tenham que obedecer as regras alheias. Por isso mesmo o final pode ser polêmico e entendido como anti-feminista (a diretora afirma ter se inspirado nos livros de Jane Austen) e mesmo reacionário.
Pode ser, mas confesso que essas impressões vieram depois porque ao ver o filme me envolvi na história e com a heroína Shira, que desejava um casamento e a princípio não aceita as pressões para ficar com o viúvo de sua irmã (que está praticamente passivo) que tem um bebe pequeno para criar, mas as situações vão verossímeis, os diálogos justificados e todo o filme tem uma comovente sinceridade. E a fotografia consegue fazer resplandecer todo o ambiente feminino.