O ano começa bem para o cinema brasileiro com o primeiro filme importante e que você precisa conhecer. Acredite que não faço média. Este é o primeiro longa-metragem de um crítico pernambucano (vi pouco dos curtas dele, só o talentoso Recife Frio, 09) que fez um projeto pessoal e com dificuldades. Não é daqueles trabalhos pretensiosos difíceis de se assistir, que se perde em experimentos ou vanguarda. Ele tem uma história para contar e faz isso muito bem, um pouco no estilo “Coral” de Robert Altman. Retratando a vida de uma rua de classe média da Zona Sul de Recife (uma cidade que cresceu muito e se modificou). Utilizando amadores e profissionais, todos muito bem conduzidos, faz uma crônica humana e muito nossa do que é a vida num apartamento bom na cidade, como se fosse possível evitar “o som ao nosso redor”. Não apenas o barulho do latido de um cão que pode incomodar no vizinho, mas o das crianças na rua, e principalmente a formação de uma milícia que se apresenta como segurança da região. Onde mocinhos e bandidos se confundem. O local foi construído a partir do dinheiro de um velho rico Francisco que procura manter o controle da rua onde vive gente como um corretor de imóveis, neto do velho e que tem um novo amor Sofia. E outras pessoas diversas. Irandir Santos, de Febre do Rato, faz o líder da milícia que sem pressa vai assumindo o poder. É assim que os personagens se interagem e ávida vai interferindo. No Recife, em Santos, em qualquer lugar não é muito diferente. Premiado pela crítica em Roterdã na Holanda, em vários em Gramado (crítica, desenho de som, diretor, filme do júri popular), O Som ao Redor, surpreende, interessa, informa, polemiza. É sempre muito interessante. Assista.