É curioso como o novo filme do diretor argentino Daniel Burman, famoso por suas comédias dramáticos sobre temas judeus (O Abraço Partido, o Ninho Vazio, Os Dois irmãos) foi bem recebido no Festival de Tribbeca em Nova York, onde recebeu o prêmio especial do júri com a seguinte justificativa, escrita de forma coloquial: ”Ficamos impressionados com a o equilíbrio elegante bem pensado entre leveza de comédia e profundidade da alta, sua habilidade em localizar temas universais (famílias, amores, filhos e dirigir um negócio financeiro além da especificidade e apresentar o ambiente de jogadores de pôquer na Argentina). E a habilidade de misturar ainda vasectomias, rabinos que tocam rockn´roll na mesma história, sem problemas. Comédia é difícil de fazer, mas tudo é realizado com facilidade”.
Agora em cartaz no Brasil, o filme tem sido promovido como a estreia no cinema do compositor e cantor Jorge Drexler (já aos 48 anos), apenas como ator sem cantar (embora seja famoso como vencedor do Oscar de melhor canção em 2005, por Al Otro Lado del Rio, do filme de Walter Salles, Diários de motocicleta. Embora para mim seja muito mais importante o fato de que o filme traz de volta a maior estrela da Argentina, Norma Aleandro (História Oficial, O Filho da Noiva) que faz tempo que não via por aqui (depois disso ela fez a versão de Em Terapia para a tv argentina e mais dois filmes). Ela interpreta a mãe da heroína, que tem um programa de rádio sobre a literatura e dá um toque de classe a tudo. A maior surpresa sem dúvida é ver que Drexler é um ator natural, tranquilo e perfeitamente convincente.
As razões porém que fizeram as pessoas do júri gostarem do filme podem ser as mesmas que levarão outros a despreza-lo, já que também pode ser visto, como confuso, forçado, artificial, pouco engraçado, nada romântico (não espere muito fãs do gênero). Basicamente é sobre um homem de meia idade que lida com problemas como sexo, judaísmo, integridade pessoal e vicio em pôquer. E que tem problemas quando um ex-namorada (a frequente Bertucelli que não está entre minhas preferidas) fica viúva, retorna a Buenos Aires e Rosário e os dois retomam um complicado e alongado romance. Pessoalmente eu prefiro os filmes anteriores de Burman.