Crítica sobre o filme "Lovelace":

Rubens Ewald Filho
Lovelace Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/09/2013

Não acredito que para o público de hoje queira dizer grande coisa o nome Linda Lovelace... Até porque no Brasil seu filme de sucesso levou anos para estrear aqui e quando chegou ninguém achou mais graça nenhuma, mas realmente Linda foi um fenômeno bizarro do show business americano quando era estrela do primeiro pornográfico explícito que fez sucesso de bilheteria, o notório Deep Throat (Garganta Profunda). Você deve lembrar-se do nome porque ele foi usado também como pseudônimo por um dos informantes do caso Watergate (provando sua popularidade).É importante notar que o filme foi feito por uma dupla dedicada a documentários sobre a chamada Revolução Sexual, entre eles The Celulloid Closet (sobre homossexualismo no cinema), mas também os ficções Milk/The Times of Harvey Milk, Uivo (Howl, 10 que foi o primeiro de ficção) e vários outros. Portanto está capacidade a reproduzir bem a época (que nos parece hoje pobre e patética), imagens de como realmente eram os lugares, as pessoas e o ambiente das filmagens pornográficas sem estilizá-las.

Garganta (72) foi feita por Gerard Darmiano, contando (como cinema é muito ruim, tecnicamente fraco, mas ao menos é comédia, coisa muito rara no gênero o que contribuiu para o êxito do filme) a história de uma garota que tem o clitóris na garganta e não no lugar apropriado. Por isso tem prazer com o sexo oral. Contam que Linda tinha uma habilidade natural para isso desenvolvida por seu marido e companheiro (Peter Sasgaard) o que a tornou um grande fenômeno cultural na América.

O que poucos sabiam é que ela era muito ingênua e boba, sendo explorada pelo marido que era violento, roubava seu dinheiro, um perigoso tipo que depois iria se casar com outra atriz pornô Marilyn Chambers. O que o filme se pergunta acho que não interessa muito ao público e nem tentam responder. Baseado em seu livro autobiográfico chamado Ordeal (Sofrimento, de 73) ela sofreu muito e ao ser aceita pela família e reconstruir a vida dedicou o resto de sua vida a denunciar os abusos sexuais e a manipulação das mulheres desse tipo de negócios (digamos indústria). Eu li o livro que não tem valor literário e limita-se a mostrar como foi pouco inteligente e fraca ao aceitar as pressões do marido cafajeste (acho que não há dúvida nisso, e a sequência que mais lembro é quando se envolvem com Sammy Davis Jr então no auge da fase drogada). Linda Boreman (1949-2002) esteve envolvida em acidente de carro em abril de 2001 em Denver, Colorado, morrendo de traumas internos em 22 de abril. Estavam com ela o novo marido Larry Marchiano e dois filhos. 

Não acho que a escolha de Amanda Seyfried tenha sido a mais feliz, já que Amanda tem 1m59, Linda 1m73. Eram tipos completamente diferentes e Amanda teve que usar lentes para esconder seus olhos azuis (que continuam esbugalhados). Puseram sardas, mas não tem o rosto aberto e até saudável da original.

O roteiro é muito rasteiro e não mais profundo do que o atual com JOBS. Achei muito curioso o desfile de estrelas famosas (ou quase) fazendo pontas inclusive o James Franco (ele não pode estar fora de filmes de sexo, né? Esse se tiver condições pode é acabar como astro pornô!). Parece que cortaram Sarah Jessica Parker (que fazia feminista) e a mais impressionante, não disse boa, é Sharon Stone, que assume a idade como a mãe da heroína (Muito magra, continua a ser uma atriz falsa, sem qualquer emoção real, um pastiche).

Espero que o filme ao menos provoque a vontade nas pessoas de ver o original (mas fique prevenido que não é grande coisa, tem apenas uma ideia original e nada mais). Hoje dizem que o filme teria rendido 600 milhões de dólares, mas como a indústria é dominada pela Máfia, possivelmente tenha sido tudo lavagem de dinheiro.