Fico espantado com a devoção dos fãs do diretor Joss Whedon, que arrebanhou um grande número de admiradores por causa de suas séries de TV nem sempre bem-sucedidas: Buffy, a Caça Vampiras, Firefly, Angel, Dollhouse, além do ocasional roteiro (Toy Story I, Alien a Ressurreiçao) e blockbuster (The Avengers). Num intervalo de filmagem ele resolveu filmar com seu próprio dinheiro e em sua própria casa em Santa Monica, em segredo (só se soube do filme quando ele foi completado em 12 dias, por sugestão de sua mulher Kai Cole, diretora de arte do filme (em vez de viajarem para comemorar os 20 anos de casamento resolveram rodas o filme com seus amigos que estiveram em séries anteriores). Rendeu de bilheteria mais de 4 milhões, bastante para um projeto tão pessoal.
Porque admiração há parte, não há porque rodar o filme em preto e branco (ao menos nenhuma razão estética justificável, ou a cores como foi aqui, mas depois copiado para PB). E fica muito esquisito e por vezes irritante, se ouvir os diálogos originais de Shakespeare (houve muita redução, corte de diálogos, mas poucas modificações) quando todos usam roupas atuais e estão em ambientes modernas (incluindo uma festa a beira da piscina). Fica incongruente, anacrônico e por vezes ridículo (como na tentativa de dizer que a noiva perdeu sua virgindade na hora de seu casamento, um absurdo). Piorado pelo fato de que o elenco não é formado por grandes atores britânicos, que saberiam a melodia e o ritmo do autor, mas por americanos, que o interpretam como se estivessem fazendo um episódio de novela. Não acho que exista nenhuma mágica nem encanto na encenação já que numa casa normal não existem conspirações, casamentos da noite para o dia, que no original aconteceriam na Itália durante uma Guerra. Não dá para esquecer a recente versão homônima de Kenneth Brannagh e Emma Thompson, de 93, passada na Toscania, alegre, festiva, solar e jubilante (no elenco tinha Keanu Reeves e Denzel Washington).
Curiosamente não sei se por amor a Shakespeare ou Whedon, as críticas americanas foram reverentes e falam de energia, charme, inventando paralelos com comédias de Kate Hepburn e Cary Grant. Não foi, porém o que eu vi.