Não é um filme sobre a estagiaria que teve um affair com o presidente Clinton (que nunca chegou as telas), mas uma comédia com um tema igualmente irresistível. Passa-se quase inteiramente na sede do Google e qual o jovem que não tem curiosidade de participar dessa brincadeira com o gigante da Internet (ratificado por ponta de um de seus fundadores Sergey Brin, que aparece andando de bicicleta quando a dupla central se aproxima da sede), mas não foi bem assim, já que a comédia rendeu apenas 44 milhões de dólares no mercado americano (pífio para um custo de 58!) e por enquanto 32 no externo.
Só essa rejeição comercial já deixa a gente prevenida para esta safra atual de comédias muito fracas e que deixam a desejar (embora de vez em quando se tenha alguma esperança, por exemplo, quando Will Ferrell faz pontinha como um vendedor de colchões agressivo e John Goodman, com um ex-chefe!).
Basicamente é sobre dois amigos que trabalham como vendedores, mas descobrem que estão obsoletos (ninguém usa relógios mais!)e por isso perderam emprego. Um deles tem a ideia de se inscreverem como estagiários no Google e graças a ajuda de um dos jovens empregados (totalmente absurda, mas enfim é comédia) conseguem o lugar. Viram Nooglers! O filme é logicamente uma mais variante do tema Um Peixe (no caso 2) fora d´água, dois estranhos ao ninho que tentam dar certo no lugar errado para sua faixa de idade, interesse, inteligência e assim por diante, mas como pretende dar esperança aos menos inteligentes e espertos, como a maior parte da população, podem imaginar como terá que terminar.
Eu achei das melhores coisas do filme a encantadora e subestimada australiana Rose Byrne que faz o interesse romântico de Owen. Não curto especialmente ver os protagonistas fazerem papeis de bobo ou serem simplesmente humilhados. De vez em quando o script tem alguma ideia mais divertida (como por exemplo os estagiários participam de um jogo de Quidditch, aquele jogo de Harry Potter (ainda que as vassouras não voem!). De qualquer forma, não sei se os donos do Google fizeram bem aprovando o projeto que pinta a vida no lugar como uma espécie de culto religioso mais benevolente, mas discutível em tantos pontos que deixo cada um escolher o seu. Como arma de marketing, me parece uma bola fora.
Por outro lado, concordo com os que observam que o subtexto do filme é positivo lidando com as armadilhas da vida no mundo atual, da dificuldade de envelhecer e tentar sobreviver com dignidade, a ditadura e arrogância dos jovens. Como se fosse uma versão mais superficial, mas atualizada de a Morte do Caixeiro Viajante, que enfatiza o valor da amizade, do trabalho em grupo, de aceitar riscos, de entender e tentar mudar o mundo. E parece ter razão Goodman quando diz que hoje o homem não odeia mais a máquina, mas outros seres humanos!
Também não sei se existe ainda admiradores da dupla Vaughn e Wilson, desde Penetras bom de Bico (2005). UM detalhe: duas figuras de destaque no elenco são Max Minghella com vilão britânico (ele é o filho do grande diretor Anthony Minghella) e o parceiro de Teen Wolf, Dylan O´Brien, como um rapaz da turma dos heróis.