Crítica sobre o filme "Smurfs 2, Os":

Rubens Ewald Filho
Smurfs 2, Os Por Rubens Ewald Filho
| Data: 02/08/2013

O primeiro filme do Smurfs dois anos atrás foi uma grata surpresa e rendeu mais de 563 milhões de dólares (setenta por cento no mercado externo). Era divertido e muito bom tecnicamente, conseguindo misturar atores com animação com um resultado até surpreendente. Está continuação estreia simultaneamente com os EUA na certeza de que pretende ampliar seu alcance, atingindo também adultos (há, por exemplo, uma longa sequência em que a esposa de Neil, vivida por Jayma Mays sabendo que existe uma exposição enorme sobre Audrey Hepburn em Paris, para enganar a recepção do Hotel Plaza, onde está escondido o vilão, se veste com uma réplica da roupinha preta e o chapéu que ela usou no filme Bonequinha de Luxo, uma citação simpática, mas que nenhuma criança vai entender! E só mães mais sofisticadas irão notar). Também existe um Smurf que leva o apelido de Narciso/Vanity no original (porque é muito vaidoso, outra palavra para criança aprender) para não dizer das falas afeminadas e duvidosas. E tudo bem suas falas são relativamente engraçadas ainda que repetitivas (há outros também que se chamam Clumsy/ Desajeitado, Grouchy/Rabugento, e mesmo um Bi Polar!). O filme é dedicado ao comediante Jonathan Winters que faleceu em abril de 2013 e que dublava o Smurf Pai). 

Ou seja, apesar de fazer um valente esforço para se superar, este segundo capitulo acaba sendo inferior ao primeiro. Basicamente como está na moda seria a história das origens de Smurfette que foi sequestrada pelo vilão Gargamel na esperança ela o ajude a criar um novo tipo de Smurfs que seriam chamados de Naughties (traduziram por Danadinhos!). O Problema é que ela foi criada por Gargamel e tem suas lealdades disputadas. O longa faz uma viagem delirante pelas locações de Paris, começando e terminando na Torre Eiffel, passando uma roda gigante enorme e super iluminada (cujo final nunca fica nunca determinado ou explicado!). O galã protagonista volta a ser Neil Patrick Harris, que tem sido excepcional como o melhor apresentador de todos os tempos tanto na festa de Emmy quanto na do Tony. Ele canta e dança muito bem, mas não aproveitam essas qualidades quando ficam perdendo tempo rejeitando seu padrasto (Gleeson) até descobrir o óbvio e que vem ser a moral da história. Pai é quem criou você e lhe deu amor e confiança, não o que gerou biologicamente. Fora isso o filme é mais outra longa perseguição, o primeiro em Nova York, está aqui em Paris, mas quem volta a ser a figura dominante no projeto é outra vez o vilão, uma interpretação brilhante e menos exagerada me pareceu, de Hank Azaria, como o implacável Gargamel! Desta vez ele faz sucesso no Teatro de Opera de Paris realizando incríveis mágicas (provocadas por um artefato que é regado a essência dos Smurfs!)

Tudo começa de fato quando os Smurfs estavam preparando uma festa surpresa para a Smurfette e ela fica magoada com o silencio a respeito do aniversário (que iria ser surpresa), acaba sendo sequestrada e descobre que tem mais um casal de irmãos recém fabricados. Ou seja, por trás de todo o filme está o conceito mais moderno de família, que é formada por pessoas que se amam e podem ser parceiros por afinidade e não apenas laços sangue.

A mensagem fica um pouco forçada demais embora a Parte 2 tenha sido feita pelo mesmo diretor do original e também os mesmos roteiristas. Ou vai ver é uma questão de expectativa, o primeiro foi inesperado já que eu mal conhecia os personagens dos Smurfs e me resultaram muito simpáticos. Neste segundo podiam ter eliminado uns dez, quinze minutos sem problemas. Sem dúvida, evoluiu técnica se não dramaticamente o especialista na técnica de misturar atores com animação, Raja Gosnell (que apesar do nome é homem e foi quem fez os filmes com Scobby Doos). Outro detalhe simpático: a música é novamente do brasileiro Heitor Pereira que fez o primeiro filme e também Meu Malvado Favorito I e II).

Um fato que poucos sabem é que os Smurfs na verdade são criações de um europeu, um belga chamado Peyo (1928-1992), ou Pierre Culiford, que chegou mesmo a dirigir um filme de animação em 1978 usando o nome original deles, que é o impronunciável Schtroumpfs. O nome atual é coisa dos americanos que o tornaram mais universal.

Como sucedeu com Meu Amigo Favorito 2 quando o público se apaixona pelo filme ou personagens, besteira ficar procurando justificativa. Gosta e pronto, ficam feliz em revê-los. O mesmo se pode dizer dos Smurfs, que ao menos por aqui, quiçá em toda parte, deve ser outro grande êxito de bilheteria, mas por que rejeitaram a eficiente animação Turbo? Talvez não tenham tido tempo ou espaço para simplesmente descobri-lo.