Não estava gostando do trailer deste prólogo (prequel) de Monstros S.A. (2001), porque achava as piadas poucas e fracas. E tudo se explica porque no final das contas, não é uma comédia de animação, mas uma comédia tradicional só que em vez de atores humanos os personagens são figuras de animação, que já conhecemos, só que agora em sua juventude e principalmente quando vão cursar a faculdade. Na tentativa de se especializarem na técnica de provocar o grito de crianças e assim carregar sua cidade de energia (esse assunto já foi resolvido no filme anterior e não carece mais de discussão). Então os dois amigos e heróis, Mike e Sulley vão passar por todo aquele ritual do estudante americano (e aí um problema do filme já que a universidade é bem americana com todas suas características, tipo irmandades, competições, clubes, bem distante para o bem e para o mal, do nosso sistema. As crianças vão pensar que é assim como o filme mostra e terão a devida decepção!).
O que achei bom, porém é que o filme é estruturado em seu roteiro como uma história bem contada, com moral, desonestidade e trapaças, sendo castigadas (e não mostram a bebedeira que é o esporte por excelência da faculdade americana!).É um bom exemplo para a criança que eu espero que ainda se lembre dos personagens bizarros (por isso mesmo que o original foi relançado este ano em 3D para ter essa função). Eles são feios, bizarros, diferentes e o filme celebra justamente isso: a importância de ser o que você é, de ser como você quer ser, a única forma de ser feliz.
Mostra então como Mike é considerado pouco assustador apesar de bom aluno, inteligente e criativo. E Todos os condenam ao fracasso. Enquanto Sulley já é grandão e feio de família, mas também preguiçoso (felizmente de bom coração). Unindo-se a uma fraternidade de outros nerds e desajustados o filme ilustra a vitória dos pequenos e desabilitados.
Bastante divertido, marca a estreia na direção de longa de animação do diretor Scanlon, co-roteirista de Carros, 06, que fez antes o documentário Tracy (09). Não chega a ter canções marcantes (mas como a marca da Pixar depois de todos os letreiros surge uma pequena piadinha. Então não saia correndo do cinema!). Será que estou errado em reclamar que os filmes de animação estão ficando longos demais?