Crítica sobre o filme "Zarafa":

Rubens Ewald Filho
Zarafa Por Rubens Ewald Filho
| Data: 25/07/2013

Que bom que temos tido a oportunidade de assistir no Brasil os filmes de animação europeus, particularmente franco-belgas como este. No caso, Zarafa (que é um dos nomes árabes para designar Girafa) é o primeiro trabalho no gênero, de um já veterano realizador/roteirista de filmes como Um Evento Feliz (11) e O Amor está no Ar (05). Ajudado pelo supervisor de animação de As Bicicletas de Belleville, 03, Jean-Christopher Lie que co-assina o projeto que chegou a ser indicado ao César de animação! 

Feito pelo sistema tradicional de 2D, que lembra os antigos filmes da Disney, tem um colorido muito bonito, uma história tradicional, e mais curiosamente ainda conta uma história real. Seu fio narrador é um velho africano do norte, que conta a sua maneira (com ajuda de pequenos bonecos/bichos), para um grupo de crianças a história de um menino Maki que fica órfão e tenta escapar dos captores árabes (o filme ganha por momentos um certo ar de Lawrence da Arábia (fazendo até citação da trilha musical dele), mas é, se quiserem, um filme de estrada, uma sucessão de aventuras que leva no século XIX da África até a França. Na verdade, é sobre um bebe girafa que ficou órfã e amiga do menino e os acompanha na viagem pelo deserto até o Egito e finalmente irá chegar a França em 1827, como um presente do vice-rei egípcio Mehemet Ali para o rei Charles X, na esperança de que este o ajude contra os invasores turcos. Aliás, o rei não é mostrado com muita simpatia (é um velho rabugento e sofre uma humilhação por conta de um hipopótamo que é até merecida porque chama o menino negro de “macaco que escapou de sua jaula”).

Do cinzento de Paris, ao dourado do deserto, o desenho é detalhado e bonito, mas sem ocultar a ignorância do ser humano num não tão antigo passado. É claro que não tem a menor chance de concorrer porém com o “espetaculoso” Turbo. É outra coisa, outro mundo, outro tipo de cinema.