Crítica sobre o filme "Adeus, Minha Rainha":

Rubens Ewald Filho
Adeus, Minha Rainha Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/06/2013

A pseudo biografia de Maria Antonieta feita por Sofia Coppola que era mais um vídeo clip que outra coisa, sem qualquer preocupação com os fatos ou a narrativa deve ter incitado o consagrado diretor Benoit (A Escola da Carne, Sade ) e que lhe rendeu os Césars de fotografia, direção de arte, figurino, o Prix Louis Delluc, além de ter concorrido em Berlim. 

Sem jamais ceder a emoção (o filme pretende dar uma visão fria e distanciada de uma história triste, os últimos dias de poder da rainha Maria Antonieta, austríaca casada com Luis XVI. Não de sua prisão propriamente dita, muito menos de sua morte na guilhotina, esses são fatos que o público deve ter em seu subconsciente, assim como sua famosa frase de que o povo deveria comer brioches!).

Rodado nos verdadeiros castelos de Versalhes, Chantilly, Dampierre, o filme é narrado pelo ponto de vista de uma servente da Rainha, devota e um pouco apaixonada por ela feita por Lea Seydoux (que esteve no filme explícito que ganhou Cannes este ano). Ela é a leitora da Rainha e como não podia deixar de ser uma grande admiradora e até conhecedora de leitura (embora a gente não fique sabendo praticamente nada a seu respeito).O roteiro inspirado em livro de Chantel Thomas mostra a vida cotidiana no Palácio em julho de 1789, justamente nas vésperas e nos dias imediatamente posteriores a tomada da Bastilha (comentada, mas não mostrada). Ou seja, quem comenta são os serviçais e não os nobres, quase sempre especulações informativas enquanto a heroína se movimenta sem fim pelos corredores pobres ou ricos do castelo. Não se revela nada de muito novo (a não ser para mim ao menos o encanto que Maria Antonieta tem por uma dama de companhia por quem tem uma paixonite a Madame de Polynac, a sempre bela Ledoyen) nem se faz muito drama, evitando-se ao máximo qualquer nostalgia da queda da nobreza (embora está não seja especialmente criticada).

O rítmo discreto e a narrativa indireta não me incomodaram porque o elenco é interessante (foi um acerto chamar Diane Kruger, a Helena de Troia para substituir Eva Green e está tem até alguns momentos de Grace Kelly!) e inclui também a atriz Noémie Lvovsky, que está também em cartaz como estrela de “Camille outra vez”. Enquanto Sofia se fixava nos prazeres da realeza, aqui se fixa na convivência das classes, os nobres e os empregados que tinham vida miserável. Toda a parte técnica também é muito competente inclusive a trilha musical climática de Bruno Coulais.