Crítica sobre o filme "Golpe Perfeito, Um":

Rubens Ewald Filho
Golpe Perfeito, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/06/2013

Só pode ser por causa da Copa das Confederações que esta semana parece tão fraca em lançamentos (e adiaram o Superman) quase só com filmes descartáveis (aqui que com elenco atraente), mas difícil encontrar um menos bem sucedido do que este equívoco que nem sequer se dá ao trabalho de admitir que é uma refilmagem (ainda que bem modificada) de um pequeno Cult de que ninguém se lembra no Brasil. Chamava-se Como Possuir Lissu (Gambit, 66) de Ronald Neame, um divertido ainda que modesto thriller de suspense e assalto com Michael Caine, Shirley MacLaine e Herbert Lom. Aliás, quem não tiver a informação não vai entender nada porque o tempo todo o astro desta versão Colin Firth se diverte imitando em tudo o Caine (inclusive na armação dos óculos!). Uma besteira que o diretor deveria ter impedido de fazer!

Enfim, Gambit me parece que quer dizer Truque, jogada, e o filme era bem divertido porque primeiro mostrava como deveria ter sido o assalto para depois na segunda parte apresentar como de fato aconteceu, o que naturalmente é desastroso. 

Está refilmagem independente (o original era Universal) padece de um diretor fora de órbita (a única explicação para Hoffman que já é veterano e filmes razoáveis como a Última Estação, Sonho de uma Noite de Verão, Um Dia especial, mas devia estar chapado para assinar uma coisa tão errada quanto este roteiro que agora é assinado pelos Irmãos Coen. Não me perguntem porque eles toparam escrever este desastre (claro que as pessoas impressionadas com seu prestigio tentarão defende-los, mas o filme foi um inapelável fracasso de crítica e público, não tendo estreado até hoje nos Estados Unidos!). Aliás, é o primeiro filme que escrevem e não dirigem há muitos anos desde o fraco e esquecido Crimewave (Dois heróis bem trapalhões, 86, do amigo Sam Raimi)

Na verdade, Variety diz que este é o tipo de filme que fica melhor visto em avião onde sua tela pequena e som péssimo, desculpa a falta de risadas, mas ainda assim é difícil tolerar este roteiro idiota que gira em torno de um expert em arte, Harry Deane (Firth) que com a ajuda de um falsificador (Courtenay, fotografo sempre de costas, nos piores ângulos) planeja roubar seu chefe bilionário que tem a mania de andar pelado (o inglês Alan Rickman, um delicioso canastrão quando deseja ser, é a coisa mais bizarra do filme e dependendo do gosto a única que faz rir). Ele é um pretensioso insuportável e não muito inteligente e não percebe o esquema para comprar um Monet falso. Para o plano dar certo, ele recruta Pj (Cameron Diaz, que está envelhecendo mal) uma estrela texana de rodeio cujo avô tem uma conexão com a pintura (ela não fala por dez minutos numa sequência de fantasia que é citação da primeira parte do Gambit original), mas ao menos aquele filme tinha estrutura e reviravoltas (é impressionante a falta de química entre o casal).