Crítica sobre o filme "Segredos de Sangue":

Rubens Ewald Filho
Segredos de Sangue Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/06/2013

Produzido pela firma Scott Free, na época em que estava vivo ainda o seu produtor Tony Scott, este filme passou em Sundance e não fez grande carreira nos EUA, apesar de ser o primeiro trabalho do coreano Parker, talvez o mais famoso de seu país, por filmes como Old Boy, Lady Vingança, Mr vingança e Sede de Sangue (todos muito violentos e sanguinários). Apesar de ser mórbido e esquisito, o filme ainda é a melhor estreia da semana (fora naturalmente o Star Trek Além da Escuridão que já está faz tempo em pré-estreias).

O que achei mais curioso foi que o roteiro escrito pelo ator inglês Wentworth Miller (mulato, bonitão que vocês conhecem como astro da série de TV Prison Break, mas que foi revelado ao lado de Nicole Kidman, em Revelações, 03, onde fazia mulato que se passava por branco. Parece provável que por ser amigo de Nicole que a convenceu a participar do filme embora fosse visivelmente um projeto difícil e para poucos. Aliás, como ela gosta!). 

Ou seja, basicamente é um conto gótico, a moda do sul dos Estados Unidos, sobre segredos de família que vão ficando cada vez mais complexos e delirantes. A figura central do filme se chama Índia e é interpretada muito bem pela Alice no País das maravilhas, Mia Wasikoswa, que faz a filha de uma família rica do interior que vive numa bela casa com os pais, mas o pai (Dermot) morre misteriosamente justamente no dia em que ela completa 18 anos (e a polícia não parece querer investigar mais o caso) e a mãe é instável e esquisita (na verdade, agora ao resumir o filme que percebo que ele fica melhor visto do que narrado). Enfim, de repente aparece na casa um tio (irmão do pai, feito pelo britânico Matthew Goode, revelado por Woody Allen em Ponto final, esteve em Brideshead e Direito de Amar), que ela mal sabia que existia. É um sujeito bonitão, confiante, que se enrosca com a mãe ao mesmo tempo em que coisas estranhas começam a acontecer como pessoas que somem misteriosamente (a governanta, depois uma tia que tenta avisá-las participação pequena da australiana Jackie Weaver).

Daí em diante é meio evidente o que acontecerá (a marca aqui do “killer” será o uso de cintos muito fortes, capaz de estrangular as vítimas) mesmo porque já estamos escolados em Dexter e imitações. Tudo é realizado com muito estilo e até bom gosto pelo diretor, desde que você tenha paciência e gosto pelo gênero e assunto. Aliás, qual o gênero? (la fora classificam de drama, horror, mistério!). Outro detalhe: toca-se muito piano neste filme, inclusive em duplas e com pretensões a erotismo, ajuda a dar clima ao filme. Nada contra, até dá um toque de classe para compensar a ocasional sangreira e atmosfera dark.