Crítica sobre o filme "Depois da Terra":

Rubens Ewald Filho
Depois da Terra Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/06/2013

Os americanos encontraram muitas razões para detestar este filme, começando com a descoberta que no fundo sua história nada mais é do que a síntese de uma das principais filosofias da religião chamada de Cientologia (aquela mesma famigerada de Tom Cruise e John Travolta da qual o Will Smith era dos menos assumidos afiliados). Ou seja, L. Ron Hubbard, o fundador dessa pseudo religião que se baseia em ideias esdrúxulas daquele que escreveu A Reconquista (Battlefield Earth, 2000). Então no fundo Will está fazendo propaganda dela e espalhando a ideia de que o pior inimigo do homem é o medo e que tudo que se deve fazer é meditar e usar poder da mente para controlá-lo! Uma filosofia banal que provocou um argumento assinado por Will numa história confusa, que tem ainda o problema de lembrar bastante o recente Oblivion de Tom Cruise (ainda que com um final menos confuso o filme anterior era ao menos mais bonito plasticamente).

Não bastasse ter o fardo de trazer a mensagem do odiado Hubbard, o filme ainda por cima é assinado pelo hoje desprezado e vilipendiado M. Night Shyamalan, que desceu muito desde O Sexto Sentido. Que se confirma como péssimo realizador. O resultado é sem suspense, sem tensão, mal narrado, com péssimos efeitos especiais (alguns constrangedores, na verdade não tem uma direção de arte decente nem mesmo para criar um monstro chamado de Urso, que tenha alguma originalidade, parecendo mais um outro aracnídeo qualquer). Não sei se faltou orçamento ao filme (o anunciado é de 130 milhões) porque tudo é feio, com péssimo design incluindo mesmo uma única nave espacial, mas aonde sobressai mesmo a incompetência do diretor é quando ele dirige a dupla de pai e filho. Nenhum dos dois esteve pior antes. Will sempre se livrou bem a cara, mas nunca esteve tão canastrão quando aqui, costuma-se dizer que o ator ruim faz caras e bocas. Will se especializa em bocas, fazendo bicos desprezíveis. As vezes parecendo quadro de humor, mas se nos filmes anteriores já havia a suspeita que Jaden era um garoto antipático e pretensioso, mesmo quando foi o Karate Kid, as expressões de raiva e medo que ele faz é espantosos e inacreditáveis, Insuportável.

A história também é bem ruim. Mil anos depois de uma Guerra apocalíptica forçou a humanidade a fugir da Terra e se refugiar num lugar chamado Nova Prime. Will faz um lendário General Cypher Raige que tenta ser melhor pai para o filho de 13 anos, Kitai, que está treinando para ser oficial, mas não passou no teste final para subir de grau. A mãe (a melhor coisa do filme Sophie Okoneko) tenta conciliar os dois que vão juntos numa missão pensando em se aproximarem, mas a nave tem problemas com uma tempestade de asteroides e eles caem na Terra, um planeta ainda habitado por monstros chamados Ursos (nada a ver com os homônimos) que identificam os humanos pelo cheiro do medo que eles exalam). O general é o único que conseguem controlar isso e assim foi que se tornou um grande guerreiro. Agora seu filho parte numa missão de vida ou morte, ajudado por ele para tentar pedir Socorro. No caminho é perseguido por águias gigantescas e tigres ferozes isso para não esquecer a teimosia e os ataques de nervinhos. Tudo caminhando para um final óbvio, sentimental e inevitável. 

Deixa eu comentar uma coisa. Já repararam que as críticas americanas ou de grandes revistas estrangeiras nunca podem criticar os atores da maneira que a gente faz. Ou seja, dizendo a verdade. É simples: se fizerem isso perdem o emprego, nunca mais conseguem acesso aos filmes daquele estúdio ou produtor. E viram persona non grata. E para ser sincero por vezes usamos dois pesos duas medidas, com os atores nacionais sou muito mais gentil e menos direto, mas nem quando eles estão em seus piores dias, tem interpretações tão amadoras quanto as daqui.