É raro se ver um filme com elenco de apoio tão famoso e notável, mesmo que em papeis pequenos. Prova indiscutível do prestigio de Robert Redford, que aos 67 anos e muito envelhecido retornou interessado em continuar dirigindo. E escolheu um tema difícil e polêmico, ainda que completamente esquecido: a história dos estudantes americanos que nos anos 70 quando se fazia oposição aberta a Guerra do Vietnã, formaram o grupo chamado “The Weathermen” e escolheram a Ilegalidade e se tornaram autênticos terroristas, assaltando bancos e mesmo matando. Depois para não serem processados e mandados para a cadeia, escaparam vivendo existências normais sob outro nome. O cinema raramente abordou este tema mais notavelmente em O Peso de um Passado (Running on empty, 88, de Sidney Lumet) onde tudo era mostrado pelo ponto de vista do filho adolescente River Phoenix, mas nesta época em que o terrorismo tomou uma nova cara, quero dizer se tornou uma ameaça real e próxima no território americano, fica muito difícil justificar uma ação dessas apenas como uma loucura de juventude. Afinal eram apenas jovens idealistas, da classe de uma certa maneira até mimados. Não tinham qualquer apoio do povo e começaram a matar sem qualquer critério. Aliás, a imprensa americana mostrou como o roteiro de Dobbs (que fez Cidade das Sombras, A toda prova de Soderbergh, A Cartada Final, O Aprendiz de Feiticeiro) se esforça em pintar um retrato simpático dos ex-militantes. Alguns internautas ridicularizaram o ator por causa de uma cena onde ele aparece fazendo jogging como se fosse uma velha senhora, mas o roteiro insiste que aqueles que se tornaram violentos foram expulsos da organização, que se tornaram bons pais e que chegavam a mandar dinheiro para as vítimas! Chega mesmo a tornar o jovem jornalista que investiga o caso (Shia, que continua a não me convencer), uma figura agressiva que faz perguntas desagradáveis até na prisão que qualquer um de bom não responderia ou seria interrompido. A ideia de que eles também teriam sido precursores dos ecologistas também não é verdadeira. Redford como diretor evitou construiu um thriller, dando ao filme um ritmo de drama, mais denso, confiando que o elenco levantaria o nível do interesse. E realmente alguns deles brilham como é o caso de Susan Sarandon (ela é a primeira a se entregar provocando assim a fuga de Redford, ainda mais quando é perseguido pelo jovem jornalista). Embora quase todos tenham aparições curtas demais.
Embora tenha ganhado dois prêmios menores no Festival de Veneza, o filme foi ignorado pelo Oscar e outras premiações e teve uma renda triste de 3 milhões e 433 mil dólares. Com certeza não irá melhor por aqui.