Crítica sobre o filme "Rosto de Mulher, Um":

Rubens Ewald Filho
Rosto de Mulher, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/05/2013

Este é um dos melhores papeis e filmes da estrela Joan Crawford (1906-77 (que absurdamente não lhe deu nem uma indicação ao Oscar, mas a própria Joan achava que teve efeito cumulativo para ser premiada em 45 por Alma em Suplicio). É baseado numa peça Francesa “Il Était une Fois” (Era uma vez) de Francis de Croisset, que já havia sido filmada na Suécia com Ingrid Bergman (dado o sucesso, Ingrid foi contratada pelo cinema americano, graças a esse filme e também Intermezzo, de 36, ela estrearia nos EUA numa refilmagem justamente de Intermezzo em 1939, ou seja na época deste filme ela já era superestrela nos EUA). Está versão é muito parecida com o original sueco de 38, conserva até os mesmos nomes de personagens, que passou aqui como “A Mulher que Vendeu a Alma” do importante diretor Gustaf Molander e que existe em Home Video nos EUA. Se Ingrid tinha um tipo doce e ingênuo, Joan já vinha de uma tradição de vilãs e mulheres fortes. Também o sucesso do filme foi porque na época a cirurgia plástica não era tão famosa e difundida como hoje (e acabou sendo um grande propagandista). O diretor Cukor era o preferido das mulheres do estúdio e consegue dar um tom de dignidade a um melodrama que corria o risco de ficar absurdo. Joan o considerava como um pai e a pessoa que mais a influenciou em sua carreira, mas é Cukor é muito ajudado pelo elenco de grandes atores em particular o alemão Conrad Veidt (1893-1943) que fez o papel de Cesare em O Gabinete do Dr.Caligari, clássico expressionista de 1920 e o oficial nazista de Casablanca (ele morreu jogando golfe depois de completar só mais um filme Os Insuspeitos,43). O filme tem outras qualidades como a boa fotografia, momentos de suspense e a maquiagem que cria a cicatriz no rosto de Joan. Absurdamente não teve boas críticas na época, que também não soube ver como Joan estava sem seus habituais maneirismos e maquiagem pesada (dizem que ela conquistou Cukor dizendo que faria o que ele mandasse). Lutando porque sentia envelhecer (estava com 34 anos) e não ia demorar seria mandada embora pelo estúdio. Enfim, o tipo do melodrama criminal que Hollywood sabia fazer melhor do que ninguém.