Crítica sobre o filme "Este Mundo Louco":

Rubens Ewald Filho
Este Mundo Louco Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/05/2013

É curioso como mesmo um estúdio conservador e tradicional como a Metro (MGM) foi capaz de fazer este esquisito drama filosófico, adaptação de uma peça de Robert E. Sherwood (aqui adaptada por ele mesmo) que havia sido encenada com uma dupla famoso do palco, o casal Alfred Lunt e Lynn Fontanne (que durou 500 representações). Foi lançado em janeiro de 39, antes de E o Vento Levou e antes de estourar a Segunda Guerra Mundial, mas já pinta um retrato muito pessimista (na realidade, o conflito seria ainda pior) tendo o cuidado de não identificar direito os alemães nazistas (mesmo assim eles prendem e matam um pacifista que faz discurso contra a guerra, feito por Burgess Meredith). Muito teatral, ele é lembrado porque fez parte do documentário Era uma vez em Hollywood (That´s Entertainment) porque foi a única vez em que Clark Gable (1901-60),o Rei de Hollywood cantou e dançou a música Puttin´ On the Ritz (não especialmente bem, mas ele interpreta um canastrão e não se leva a sério. De qualquer forma, gravou a dança num único take- sendo que eles deixaram passar uma das coristas cuja roupa rasgou e está caindo, reparem que é a segunda da esquerda para a direita!). Foi o terceiro e último filme que Gable fez com a superestrela do estúdio Norma Shearer (1902-83) que era viúva do grande produtor Irving Thalberg que lhe deixou as ações do estúdio e por isso tinha preferência em qualquer projeto (Joan Crawford queria muito o papel, mas Garbo o recusou. E na verdade, Norma faz uma quase parodia de Garbo, seu jeito de falar e representar usando uma peruca loira obviamente falsa). O filme mostra toda uma primeira parte com o encontro do casal antes em Omaha, quando nasce um romance interrompido (na peça, ele apenas contava sobre esse encontro). No hotel, eles esbarram também num cientista que estava procurando a cura do câncer (mas teve que interromper), o milionário que era amante de Norma). O filme teve dois finais, um mais curto para o mercado interno (onde interpretam uma canção humorística) e este mais longo que era para o exterior mostrando o casal no hotel sendo bombardeado e cantando o hino Abide with Me, mais esperançoso e feliz. Norma ainda faria mais 4 filmes (inclusive o sucesso As Mulheres) até se aposentar em 42. Ela era uma atriz limitada, mas muito popular na época (reparem que ela era vesga e nem disfarça muito). O problema é que o casal tem pouca química e há excesso de diálogos, mas é uma prova curiosa e rara de como até Hollywood fazia filmes bizarros com temas políticos e mensagem pacifista.