Com certeza já ouviram falar que o diretor Steven Soderbergh, vencedor do Oscar por Trafic e vencedor da Palma de Ouro em Cannes por “Sexo, mentiras e Videotape” garante que depois de vinte e sete filmes em 24 anos vai se aposentar e largar o cinema? Ele já terminou Behind the Candelabra, biografia do pianista Liberace que foi feita para a HBO e passa em Cannes e então prometeu parar. Poucos acreditam nisso, mas de qualquer forma este é o que ele afirma ser seu filme de cinema de despedida! Que como sempre contém alguns segredos, um deles é o fato que Steven também fez a fotografia usando o pseudônimo de Peter Reynolds. E também a montagem usando um nome feminino, Mary Ann Bernard.
De qualquer forma faz tempo que eu já desisti dele, que foi perdendo cada vez mais sua pretensão de autor (quem fez aquele filme recente de strip-tease e a fraca biografia de Che, não merece perdão).
À primeira vista este filme parecia ser um corajoso ataque contra a medicina atual que cada vez mais recorre a drogas receitadas para todos os fins. Sem pensar nas possíveis consequências e problemas. Em cima de um roteiro do mesmo autor de Contágio, ele conta a história de uma jovem, feita por Rooney Mara, em seu primeiro trabalho depois de ter sido indicada ao Oscar por Millenium- Os Homens que não amavam as Mulheres (para o papel foi considerada Lindsay Lohan- o que já demonstra a falta de sériedade do projeto e depois Blake Lively). É uma jovem esposa que parece ter cometido um assassinado quando esteve sob o efeito desses remédios sob receita. É um tema atual e perturbador que vai parar num tribunal e permitirá uma série de discussões atuais e oportunas. Em vez disso o filme prefere enveredar pelo suspense e o mistério policial. É para divertir e não fazer discursos. Claro que se tivesse um roteiro melhor e uma conclusão menos óbvia também ajudaria muito. Steven é muito auxiliado pelo elenco de gente famosa, Jude Law (como o médico que receita o remédio),Catherine Zeta-Jones (num papel ingrato e desagradável), Channing Tatum (que saiu do sucesso de Magic Mike com ele e tem um papel inesperado), todos trabalhando felizes novamente ao lado do amigo diretor. Quanto a Rooney Mara continua a decepcionar, resultando numa interpretação fria que ajudou a afundar o filme (que nem se pagou, rendeu bruto 32 milhões de dólares e custou 30). Enfim, que tenha uma boa aposentadoria, não vou sentir sua falta.