Crítica sobre o filme "O Que Se Move":

Rubens Ewald Filho
O Que Se Move Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/05/2013

Este é o longa de estreia de um montador paulistano que faz parte do grupo coletivo Filmes do Caixote (ele editou Trabalhar Cansa de Marco Dutra e Juliana Rojas) que impressiona pela originalidade, é um filme de autor, lento, modesto, inspirado em fatos reais e que vai interessar mais a quem acompanha estes jovens realizadores que vem se firmando fora do chamado “mainstream” (fazem filmes com humor, mas não comédias), mas o fato é que se deram bem no último festival de Gramado. São 3 episódios inspirados em algum acontecimento traumático: o sofrimento de um pai, a perda de um ente querido, a própria dor da existência. O mais curioso é que ao final de cada episódio, um dos personagens começa a cantar. Não como se fosse um musical, nem mesmo fora de tom como em Os Miseráveis. Apenas entoam, dizendo as palavras sem rima, tiradas do fundo da alma. É um recurso raro e original, extremamente tocante (em particular na sequência inicial com um trabalho excepcional e desglamurizado de Cida Moreira). São três histórias - de quatro mães - sempre sobre fatos do dia a dia, envolvendo perdas e um reencontro. E narradas de maneira leitura poética e melancólica. A atriz Fernanda do grupo mineiro Galpão ganhou prêmio em Gramado, mas pela própria estrutura do trabalho o Kikito deveria ter sido dividido entre as três, seria muito sensato e lógico.