Crítica sobre o filme "Amor Profundo":

Rubens Ewald Filho
Amor Profundo Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/05/2013

Custou a chegar este drama britânico que deu a Rachel Weisz (mais lembrada por ter ganho um Oscar de coadjuvante por O Jardineiro Fiel de Fernando Meirelles) o prêmio de melhor atriz do ano pelos críticos de Nova York, além de indicação ao Globo de Ouro e Festival de Toronto (onde ganhou).

Na verdade eu sempre tive curiosidade de assistir a versão anterior que foi de 1955, O Profundo Mar Azul, dirigida por Anatole Litvak (que tinha muito prestigio e fez Anastásia a Princesa Esquecida com Ingrid Bergman) com Vivien Leigh, Kenneth More e Eric Portman (era proibida para menores e nunca o vi até hoje). Depois houve outras versões para a teve nunca vistas aqui (e também um TV de Vanguarda da Tupi com Laura Cardoso em 63), mas o importante é que está sendo redescoberto o autor do texto que foi famoso em sua época, Terence Rattigan (1911-77) que escreveu O Príncipe Encantado com Marilyn Monroe e Olivier, Vidas Separadas que deu Oscar para David Niven, VIPs Gente muito Importante, com Elizabeth Taylor e Richard Burton, Nunca te Amei com Michael Redgrave, Cadete Winslow de David Mamet, O Rolls Royce Amarelo, dentre muitos outros. 

Além disso, na direção está um realizador Cult britânico chamado Terence Davies que ficou conhecido por seus trabalhos autobiográficos como Vozes Distantes e o Fim de um Longo dia. Na ficção dirigiu Memórias com Gena Rowlands e The HOuse of Mirth /A Essência da Paixão. 

Sensível e poético, Davies conta uma velha história com delicadeza, preocupado em recriar a Inglaterra dos anos 1950 e acrescentando mesmo um tom de David Lean (em Desencanto), inclusive usando de amor de música erudita (Concerto de violino de Samuel Barber). Era um tempo em que o cinema britânico não se incomodava com as pessoas comuns, a classe trabalhadora preferindo se fixa nos ricos e nobres. Margaret Sullavan fez o papel na Broadway, Peggy Ashcroft em Londres, o de uma mulher já perto dos 40 anos que sente que é sua última paixão de ter uma paixão. Na verdade, já começa com sua tentativa de suicídio com Rachel (como Hester) afirmando, desta vez eu realmente quero morrer). Em flashback, começamos a recordar com ela, sua vida monótona ao lado de um juiz de corte alta, Sir Collyer (Simon), e sobre seu amante, um piloto da RAF (Hiddleston, que tem ficado famoso como o vilão de Avengers). Há grande cuidado na reconstrução de um tipo de vida ainda marcado pelas feridas e estragos da Segunda Guerra, mas o filme erra em colocar um ator frio e sem jeito para galã como é Hiddleston, ainda mais num personagem que não se expõe como devia. Eu gosto de Rachel, mas não é caso para prêmios. Vá entender o que deu na cabeça desses críticos malucos que resolveram louvar um papel que ela faz com a competência habitual e bastante charme, mas por vezes sinto que o diretor está mais preocupado com a direção de arte, a trilha musical, figurinos e fotografia do que a química entre o casal.