Crítica sobre o filme "2 Dias em Nova York":

Rubens Ewald Filho
2 Dias em Nova York Por Rubens Ewald Filho
| Data: 26/04/2013

Julie Delpy é uma figura querida no ambiente de cinema, em parte porque começou ainda adolescente (num filme de Godard) e depois se alternou entre filmes na França (alguns importantes como A Igualdade é Branca de Kieslowski, Filhos da Guerra de A. Holland), mas também fez muitos filmes americanos porque seu inglês era perfeito (entre eles, Parceiros do Crime, Lobisomen Americano em Paris, Waking Life, Flores Partidas com Bill Murray), mas talvez seja mais conhecida pela trilogia que fez com o diretor Richard Linklater, e o ator Ethan Hawke que consiste de Antes do Amanhecer (95) Antes do Pôr do Sol (04) e o recente Antes da Meia Noite (13). Até indicação ao Oscar de roteiro ela chegou a ter. Também se dedicou a direção já com 7 filmes, inclusive A Condessa de Sangue, 09, mas tem se dado bem mesmo com essas comedinhas meio românticas, meio turísticas. 

Está é uma continuação de Dois Dias em Paris, 07, que era uma comédia improvisada muito simpática mostrando os problemas de Julie quando volta para sua cidade com o marido americano e se hospeda com a família (eles mesmo fazendo os papéis). Aproveita também para encontrar os ex-namorados. Sempre influenciada por Woody Allen chegou a hora de retomar a história de Marion. Tudo abre com um show de bonecos que está sendo apresentado para sua filha, produto do casamento com Adam Goldberg que estava no filme anterior. Ela é artista e vive agora em Nova York morando com um locutor de rádio chamado Mingus (e interpretado por Chris Rock). Tudo vai bem até quando a família dela chega da França. O pai é interpretado pelo próprio pai da diretora (Albert Delpy) que já apareceu no filme anterior, mas desta vez também vieram a irmã mais nova Rose (Alexia) que é ciumenta porque o atual namorado Manu (Alex Nahon) foi ex da Marion. Assim explora a rivalidade e desfila pela casa seminua. Chris Rock, porém, não se abala e se contenta em fazer confidencias para uma imagem em cartolina de Barack Obama, mas tem mais. Marion está fazendo uma grande exposição e uma das piores ideias do roteiro é apresentar Vincent Gallo, aquela figura horrível, fazendo uma espécie de Mefistófeles que compra a alma de Manon. A crítica americana também apreciou o fato dela pintar sua família sem piedade, mas vulgares, obsessivos, até mesmo desonestos. Mesmo o pai é mostrado com uma mistura de Peter Pan e Harpo Marx. Também gostaram da interpretação do comediante negro Chris Rock, que geralmente não representa, grita e faz cara cínica, só que desta vez aparece contido e discreto (eu não consigo esquecer que ele é O Chris da série de teve querida no Brasil que é Todo mundo Odeia o Chris ). Por outro lado, Julie procura ser autobiográfica relembrando e sofrendo com a morte da mãe que faleceu (ela aparecia no filme anterior).

Eu não achei grande empatia entre a dupla e esperava mais do confronto de duas culturas e dois estilos de humor. Por algum motivo, falta motivação e inspiração, mas Julie tem talento para dirigir comédia e sem dúvida é diferente da média do que se costuma assistir.