Crítica sobre o filme "Ginger & Rosa":

Rubens Ewald Filho
Ginger & Rosa Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/04/2013

Acompanhei bem a carreira da inglesa Sally Potter, que fez sucesso até no Brasil com o interessante Orlando, a Mulher Imortal (92), que realizou para sua musa Tilda Swinton, mas dali em diante os filmes não confirmaram a boa impressão. Teve um curioso Tango Lesson, o ruim Porque Choram os Homens com Johnny Depp, dois que não me lembro de ter visto (Yes e Rage). E agora chega o mais recente, um filme lento, dramático, que foi indicado ao Brisith Independent e teve prêmios em festivais pequenos, quase sempre pelo trabalho da revelação Elle Fanning (irmã mais nova de Dakota Fanning é mais bonita e talentosa que a irmã, tinha apenas 13 anos embora faça papel de uma de 17! ). 

Elle faz Ginger que na Londres de 1962 entra em pânico quando fica sabendo da possibilidade de uma guerra nuclear naquele momento, provocada pela Crise de Misseis em Cuba e o ultimato do presidente Kennedy. Ela vive com a mãe (a ótima Christina Hendricks de Mad Men) e Roland (Nivola), que é um pai não assumido, cheio de ideias liberais que no fundo escondem sua incapacidade de assumir responsabilidades. Sempre em conflito com a mãe, ela tem uma amiga de infância (as mães se encontraram nas mesas de parto) chamada Rose (que você se lembra é a inexpressiva filha da diretora Jane Campion e que nós já vimos num filme posterior que foi o malsucedido Dezesseis Luas). As duas são unha e carne (Sally é muito feliz em mostrar aquele tipo de amizade de adolescentes, muito próximos em tudo, brincadeiras, até certos carinhos, mas também na possibilidade de se traírem com facilidade).

É importante notar como a diretora conseguiu reunir um elenco americano excelente que convence como britânicos (mesmo em papeis pequenos como Annette Bening que é um militante contra as armas nucleares) o que dá mais consistência ao filme. Não sei dizer se é autobiográfico (o background de Sally era em dança e largou a escola para se tornar diretora de cinema aos 16 anos), mas certamente ela parece se identificar com a ruiva Ginger e com a menina Elle Fanning, que deveria ter se tornado estrela a partir deste filme. Fica evidente também que teve um orçamento baixo, utiliza muitas faixas de jazz e não quis tornar o filme mais rápido ou acessível, mas o resultado é no mínimo interessante.