Crítica sobre o filme "Cinzas e Sangue":

Rubens Ewald Filho
Cinzas e Sangue Por Rubens Ewald Filho
| Data: 23/03/2013

Tenho especial simpatia por Fanny, a princípio por ter sido viúva e última musa de François Truffaut, ser uma mulher atraente e inteligente (ao menos em diversas entrevistas que fiz com ela, uma delas no Jornal da Globo ao vivo há muitos anos e outra em Veneza, onde se mostrou extremamente sensual). Por isso fiquei ainda mais chocada ao ver este seu desastroso longa de estreia, onde demonstra que não aprendeu nada com seu mentor. Um filme pesado, mal interpretado, repleto de clichês e que ainda por cima vai piorando com o tempo.

Já feito há algum tempo (tanto que ela já está terminando outro, que seria Cadences Obstinées, com Asia Argento e Franco Nero) é inspirado em livro do premiado autor Ismail Kadare (o mesmo que inspirou Walter Salles a fazer Abril Despedaço, infinitamente melhor que este), mas ele parece se especializar em dramas sobre vinganças entre famílias altamente previsíveis. Neste caso, é uma família (a mãe, a filha menor que é deficiente auditiva e dois filhos maiores, um deles teimoso e briguento, que vivem em Marselha. A mãe esconde um segredo de família, mas não se entende muito bem porque resolve retornar a sua terra natal, que é a Romênia para o casamento de uma sobrinha). 

Tudo fica muito prejudicado porque Fanny escolheu como protagonista uma mulher alta e parecida com ela, mas sem um pingo de talento. Nem vamos registrar o nome porque ela é uma “poseur”, que faz caras, bocas e tipos, numa total canastrice que não ajuda nada uma história já confusa e mal narrada.

Não há nada que justifique o retorno da mulher com os filhos já que ela é renegada pela sua família e não muito aceita pela família do ex-marido. Há uma série de tabus e regras a serem seguidas, coisas de sangue e honra, que o filho revoltado faz questão de não seguir e que evidentemente vão acabar em tragédia, mas é tudo tão patético e mal realizado que francamente é melhor esquecer, ou fazer de conta que não foi feito.