Crítica sobre o filme "Prisioneiro do Passado":

Rubens Ewald Filho
Prisioneiro do Passado Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/04/2019

Rodado em grande parte em locações em San Francisco, foi o terceiro filme (de quatro) que o casal Bogart e Bacall fez junto, já casados (e ela fora de controle de seu descobridor, o diretor Howard Hawks). Inspirado em livro de um certo David Goodis (popular na época), o filme se inscreve como policial noir, mas é prejudicado por uma trama completamente absurda e inverossímil, que mal tem pé ou cabeça. É só parar para pensar um pouco nas coincidências (a garota que aparece rapidamente para ajudá-lo a escapar, arriscando sua vida sem maior lógica). Há personagens reduzidos – ou seja, fica fácil descobrir quem é o culpado. E nem por isso eles são muito interessantes (nem os atores, com a possível exceção de Agnes, que tem pouco o que fazer e tem uma resolução ruim para seu personagem). Também o amor do casal não convence assim como quase tudo na história. As cenas são longas, excessivamente dialogadas e a única sacada grande do filme é esconder o rosto de Bogart durante toda a primeira meia hora da fita (tudo é mostrado não apenas pelo ponto de vista dele, subjetivo, mas também há planos onde se vê ele com o rosto obscurecido. Tudo para só revelar o rosto de Bogart quando ele faz a operação plástica e se olha no espelho). É um truque, mas ao menos é curioso. Até o romance entre a dupla não tem o pique dos filmes anteriores da dupla. A música tema do filme é a bonita e famosa “Too Marvelous for Words”, de Johnny Mercer, com Jo Stafford.