Assisti em pré-estreia para a Imprensa no Chinese Theatre, em Los Angeles, e fiquei horrorizado. Apesar das campanhas intensas que acontecem neste momento nos Estados Unidos, pelo controle de armas de fogo, principalmente por causa do recente massacre de crianças, o público seleto reagiu como se fosse selvagens adolescentes.
Riam na hora errada, torciam e aplaudiam as cenas, quanto mais violentas melhor. Parecia uma arena de gladiadores romanos consumindo sua dose de pão e circo. Além de inoportuno era também sádico e sintomático. Justamente quando a situação vai de mal a pior surge nova safra de filmes muito violentos (Jack Reacher, Django, a série de TV Following) e por isso irresponsáveis.
Como ele mesmo confessa em entrevistas, este filme pretende contrabalançar a fortuna do Sr. Arnold já que ele passou 8 anos como governador da Califórnia, segundo ele, sem ganhar salário e portanto se esquecendo que já é um senhor da terceira idade (nasceu em 1947 e o peso dos anos está estampado em sua cara, ele não mostra o corpo).
Para ficar realmente forte, ele chamou para a direção um coreano Jee- Won Kim de quem alguns filmes passaram aqui. Eu vi o Diabo (2010) e Os Invencíveis/The Good, the Bad and the Weird, assim como o que deu origem a refilmagem americana O Mistério de duas Irmãs).
Seu trabalho dentro dos absurdos e limitações do gênero é bastante competente, sabe criar o humor (eles usam Johnny Knoxville da série Jackass como alivio cômico e também o ator mexicano Luiz Guzman, daqueles que vendo a cara vai reconhecer) e até cumpre o que pretende. É eficiente a sua sórdida maneira. Há também uma ponta não creditada do famoso Harry Dean Stanton (Paris Texas), logo no começo.
A ação se passa numa cidadezinha de fronteira com o México chamada Sommerton Junction, onde Arnold é o veterano xerife as voltas com questões de rotina que também aborrecem seus assistentes que procuram aventuras.
Acontece que a cidade está sendo preparada para servir de passagem para a fuga do maior traficante de drogas do México, Gabriel Cortez (interpretado pelo espanhol dos filmes de Amenabar, Eduardo Noriega) num plano altamente elaborado, onde os locais tem grande importância (mais até que os agentes do FBI liderados por Whitaker).
Não pensem que é filme baratinho, (não acredito quando dizem que custou apenas US$ 30 milhões) a história é complicada, as cenas de perseguição (Cortez escapa em super carrão) são espetaculares e para o brasileiro o filme tem um interesse maior porque o deputy que vai ajudar o xerife é o brasileiro Rodrigo Santoro (não se fala de sua nacionalidade, mas ele tem bom papel, barbudo, com interesse romântico e participando do entrevero final).
A gente fica até encabulado em afirmar que num certo sentido esta orgia de violência é um filme eficiente dentro de sua proposta. Mas pensando bem, é para um tipo de consumidor que não lê crítica de cinema.