Crítica sobre o filme "Bem-vindo aos 40":

Rubens Ewald Filho
Bem-vindo aos 40 Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/01/2013

Fiquei curioso quando vi que o novo filme do queridinho da imprensa não teve muita repercussão, nem grande bilheteria na sua estreia. Depois estranhei sua longa metragem (134 minutos! Para comédia é fatal) e finalmente constatei que o dito gênio atual do humor americano desta vez errou feio.

Aqui Judd Apatow não é muito conhecido, mas basta dizer que ele tem sido o responsável pela nova geração de humor do cinema americano. Foi um dos roteiristas e depois diretor do célebre The Larry Sanders Show (1992).

Desde então produziu, escreveu e dirigiu dezenas de episódios para programas e séries de TV. Também se tornou importante produtor de cinema. Entre os trabalhos que produziu, estão: O Pentelho (The Cable Guy, 1996, de Ben Stiller), O Âncora - A Lenda de Ron Burgandy (Anchorman: The Legend of Ron Burgundy, 2004, de Adam McKay), Papai Bate um Bolão (Kicking & Screaming, 2005, de Jesse Dylan), O Virgem de 40 Anos (2005), Ricky Bobby - A Toda Velocidade (Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby, 2006, de Adam McKay), Superbad – É Hoje (Superbad, 2007, de Greg Motolla), A Vida é Dura (Walk Hard: The Dewey Cox Story  (2007, de Jake Kasdan), Segurando as Pontas (Pineapple Express, 2008, de David Gordon Green), Quase Irmãos (Step Brothers, 2008, de Adam McKay), Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor  (Drillbit Taylor, 2008, de Steven Brill), Ano Um/The Year One (2009, de Harold Hamis), Tá Rindo do que?/ Funny People (2009, dele próprio), Get Him to the  Greek, de Nicholas Stoller(2010).

Faria sua estreia como diretor de cinema somente em 2005, com O Virgem de 40 Anos, que foi sucesso e tornou o ator Steven Carell conhecido internacionalmente. Escreveu todos os filmes que dirigiu.

Também foi roteirista de As Loucuras de Dick & Jane (Fun with Dick and Jane, 2005, de Dean Parisot e com Jim Carrey), A Vida é Dura ( Walk Hard: The Dewey Cox Story) 2007, de Jake Kasdan, Zohan – O Agente Bom de Corte (You Don´t Mess with the Zohan, 2008, de Dennis Dugan) e Segurando as Pontas.

Frequentemente trabalha com os atores Jason Segel, Seth Rogen, Martin Starr, Paul Rudd, ´Matthew McKane´, Jay Baruchel, Jonah Hill, Craig Robinson e sua esposa Leslie Mann. Eles são casados desde 1997 e têm duas filhas que fazem justamente o papel de filhas aqui neste filme.

Ou seja, o filme é autobiográfico não bastassem as duas filhas (aliás, saem-se muito bem como atrizes mesmo sendo pequenas), é logicamente um retrato do seu casamento com a atriz principal Leslie Mann e em seu lugar colocou seu ator preferido atualmente que está em tudo que é filme dele, mesmo que sem conseguir grandes resultados: Paul Rudd.

Na verdade, o rapaz (em pessoa, impressiona por ser muito baixo e gordinho) é uma figura simpática, mas não especialmente marcante ou fácil de guardar. Não é carismático, é para ser amigo do mocinho, não o herói.

Appatow é conhecido também pelo uso livre da linguagem, a grande quantidade de palavrões (e no caso, é a gordinha Melissa McCarthy que tem uma sequência onde desfila um compendio inteiro de xingamento, que por sinal depois é repetido nos letreiros finais!).

Não há propriamente história. Eles criam mal as filhas, sem qualquer disciplina enquanto Leslie ressente os quarenta anos e insiste em mentir a idade e Paul abriu uma editora de discos (sim, mesmo sabendo que estão fora de moda e as gravadoras falindo ele acha que haveria espaço ainda para lançar discos de músicos que admira como Graham Parker e Bryan Adams que, aliás, fazem aparições no filme). Ela tem uma butique com uma funcionária oriental e outra exuberante (que é a Megan Fox, que ainda está bela, mas conseguiu destruir sua carreira). Também tem problemas com os pais, o dele se casou de novo e tem trigêmeos loirinhos (e por isso empresta ao pai muito dinheiro!), e o dela nunca deu bola para a filha (ajuda que eles são interpretados respectivamente por Albert Brooks e John Lithgow).

Enfim, o sucesso parece ter subido a cabeça. Originalmente parece que o filme seria uma continuação de Ligeiramente Grávidos (Knocked Up, 97, com Seth Rogen e Katherine Heigl) mais de 15 anos depois. Só que acabou virando uma confissão do próprio autor, que por isso se esqueceu que fez um filme para público que quer se divertir e não se interessa por seu confessionário. E francamente perdeu a medida do bom gosto (vou tentar descrever a cena mais desagradável da década, quando Rudd chama a esposa para observar o que está acontecendo com seu ânus, ficando de pernas abertas numa posição francamente exposta, ainda que - felizmente - não vejamos nada em detalhe. Mas até em exame ginecológico ou urológico seria embaraçoso, imagine em filme comercial.

O fato é que o filme que teria sua estreia prevista aqui no Brasil para 8 de março de 2013, é bem capaz de ter destino parecido com outras comédias malsucedidas e sair direto em Home Video. É um projeto de vaidade (Vanity), outro caso de sucesso que subiu à cabeça.