Crítica sobre o filme "Jack Reacher - O Último Tiro":

Rubens Ewald Filho
Jack Reacher - O Último Tiro Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/01/2013

Lançado nos EUA ainda no fim de semana, este filme de ação produzido e estrelado por Tom Cruise não teve folego para enfrentar os blockbusters do fim do ano e fez carreira fraca de bilheteria. Esta é a primeira adaptação de um livro de Lee Child sobre o personagem, mas parece que começam pelo sétimo livro, que na página não tem muito a ver com o tipo de Cruise. É um grandão de poucas palavras, que Cruise tenta imprimir todo seu carisma, ao menos o que restou de tropeços da vida e casamentos malsucedidos que foram destruindo sua credibilidade.

Ele chamou Christopher McQuarrie para fazer o roteiro e dirigi, que é um roteirista premiado de Os Suspeitos, mas também fez besteiras como O Turista, que era horrível e o mediano Operação Valkiria, para o próprio Cruise. Francamente eu vi o filme numa super sala, com imagem tinindo e o super altíssimo, de forma que voltei um pouco a ser criança e entrei no jogo. Colegas meus que já tinham visto o filme o acharam sem novidade, e até mesmo banal.

Não foi o que eu senti. Eu segui com interesse a história do herói misterioso, que vem e vai para lugar nenhum, tipo Shane, mocinho de faroeste. No caso ele é um guerreiro que vem fazer justiça, no caso chamado até por um inimigo que foi acusado de matar um monte de gente a esmo na cidade de Pittsburgh. Mas achei interessante o fato de que o filme nos apresenta o verdadeiro assassino, e depois quando o preso é outro, que tem o mesmo tipo físico, a gente confunde.

Tom Cruise e Rosamund Pike

E precisa reajustar a informação na cabeça. Jack/Cruise vem com a disposição de ajudar uma advogada que é encarregada de defender o matador. E foi uma boa escolha chamar a inglesa Rosamund Pike, que é sempre muito interessante. Para complicar ela é filha da de um promotor, outro bom ator, Richard Jenkins.

A história vai se complicando com revelações e até aparições inesperadas, como a do veteraníssimo Robert Duvall, num papel curto, mas marcante. E também recheado de perseguições de carro, luta a socos, tiroteios e uma trama não muito fácil de matar. E outra coisa, o resultado é bastante violento para os padrões atuais.

Cruise usa a velha técnica de falar o menos possível, parecer calado e misterioso, o que sempre funciona. Eu achei mesmo que tem momentos que o roteiro consegue pintar um personagem patético e por isso muito humano, na figura da adolescente Sandy, que é usada pelos bandidos a Alexia Fast.

E tem outra sacada ainda que é trazer que eu me lembre pela primeira vez o diretor alemão Werner Herzog como ator, com um super-vilão de sotaque carregado e olho perdido, que me convenceu totalmente. Ou seja, é bem mais interessante do que parecia à primeira vista e mesmo o fã de mera ação pode se divertir.