Crítica sobre o filme "Sessões, As":

Rubens Ewald Filho
Sessões, As Por Rubens Ewald Filho
| Data: 09/01/2013

Já estou em Los Angeles cumprindo minha missão de assistir antes todos os longas concorrentes aos prêmios deste ano. Ontem foi o primeiro dia e guardei ainda os mais famosos para um segundo momento.

Mas tive uma boa surpresa: não esperava muito de as sessões, distribuição da Fox, mesmo tendo sido premiado em Sundance como o Especial do Júri e o Prêmio do Público e sendo indicado para o Globo de Ouro, SAG e Independente Spirit, sempre por sua dupla central de atores, John Hawkes e Helen Hunt.

Não reconheci o nome de seu diretor, já veterano, e até agora pouco famoso que é Ben Lewin, que dirigiu Georgia e pouca coisa mais de interessante. Foi também quem escreveu o roteiro e deu o tom certo para um filme que se revela terno, engraçado, romântico e emocionante. Ao menos ao final sem perceber lá estava eu chorando...

É impressionante a interpretação da dupla central, John Hawkes que se revelou dois anos atrás com Inverno Dalma, é um daqueles veteranos que já fez 117 trabalhos e era praticamente desconhecido. Até porque tem cara de gente normal, talvez até de pobre. Aliás ele também está em Lincoln embora menos marcante.

A história é inspirada em fatos reais, e dedicada a essa pessoa que era um homem já de cerca de quarenta anos que passou a vida inteira numa cama, respirando por um pulmão de aço, vítima da poliomielite, que nunca pode se mover e sempre dependeu dos outros.

Felizmente tinha meios de se sustentar com atendentes. Mas tinha uma tristeza. Muito católico ele vai conversar com o padre feito pelo também ótimo William H. Macy.

E confessa que seu sonho era fazer sexo antes de morrer, que ele sabia não ia demorar muito tempo. Assim só depois de meia hora de filme que entra em cena Helen Hunt, que já ganhou Oscar de atriz por Melhor é Impossível, mas cuja carreira não engatou mais.

Ela faz uma mulher tranquila, casada, com filho, que é terapeuta do sexo, algo que eu não sabia que existia. Ela aceita o caso e o cliente (que antes disso era rechaçado pelas mulheres de que se aproximava).

A princípio tem problemas com ejaculação precoce, mas cria-se um laço entre eles, que é muito delicado, muito tocante. Também é uma interpretação muito corajosa de Helen quase explicita, se mostrando nua com naturalidade - aliás está muito bem para a idade.

O importante é que a gente acredita naquele relacionamento tão pouco convencional, o resto não é para contar, só a sensibilidade e o humor com que tudo é mostrado, bastante ousado, mas sempre encantador e divertido.

Não esperava mesmo que fosse tão interessante. Não sei se eles serão premiados porque é um ano tão competitivo, mas sem dúvida é um trabalho precioso.