Crítica sobre o filme "Em Cada Coração um Pecado":

Rubens Ewald Filho
Em Cada Coração um Pecado Por Rubens Ewald Filho
| Data: 30/12/2012

O livro original de Henry Bellaman (seu único sucesso) marcou época ao ser um dos mais populares ao pintar o retrato de uma cidade pequena do interior com suas intrigas e hipocrisias.

Inspirada na cidade de Fulton, no Missouri, onde viveu o autor. Mas hoje é mais lembrado como o filme mais famoso e o melhor papel da carreira de Ronald Reagan (1911-2004), um ator medíocre que chegou a ser presidente dos Estados Unidos.

Ele nunca foi dos grandes, mas tinha certo espontaniedade que o ajuda a convencer no papel de um amigo simpático e fiel. Tanto que sua autobiografia se chamou justamente a frase mais famosa que ele diz (onde está o resto de mim?) quando (spoiler) um médico moralista e vingativo corta sem necessidade sua perna durante uma operação. Reagan faz a cena com habilidade e acabou por levar a melhor em cima dos críticos que sempre o perseguiram.

O protagonista porém é mais fraco que ele, Cummings (1910-90) que era mais adequado para comédias românticas que um papel denso como aqui (ele se apaixona por uma moça, que ama desde criança, mas que pode ter doença mental. O pai dela inclusive é seu professor e mentor que o leva a ir estudar psiquiatria em Viena).

A melhor do elenco é, sem dúvida, Betty Field (1913-73), notável como essa Cassandra. A estrela Ann Sheridan (1915-67) só entra no meio do filme, mas sempre tem uma figura radiante e charmosa. Foi indicado aos Oscars de filme, fotografia e direção.

A trilha musical que se tornou clássica de Erich Wolfgang Korngold reza a lenda foi escrita por engano, porque ao falar em King (Rei) ele acho que era outra história sobre realeza e escreveu uma grande fanfarra de abertura. Quando descobriu o engano resolveu manter assim mesmo com adaptações e o resultado foi um total êxito, embora hoje pareça estranha.

Ida Lupino e Olivia de Havilland recusaram o papel de Cassandra, certamente por ser pequeno e foi Bette Davis quem sugeriu Betty Field (que tinha feito Carícia Fatal e sempre uma grande intérprete, em filmes como Férias de Amor, Nunca Fui Santa, Disque Butterfield 8,  A Caldeira do Diabo, que lembra esta fita).

Um detalhe curioso: é preciso prestar atenção numa fala de Drake quando ele deixa entender que Cassandra está grávida, coisa não mencionada em outro lugar certamente porque a censura mandou cortar.