Crítica sobre o filme "Privilégio":

Rubens Ewald Filho
Privilégio Por Rubens Ewald Filho
| Data: 30/12/2012

Quando estreou era absolutamente original fazer um filme assim como a linguagem de comercial britânico, inclusive com um narrador neutro que situa a ação (e todos os que o seguiram inclusive o Cult This is Spinal Tap o imitaram).

Curiosamente o filme fez sucesso na época no Brasil, inclusive porque naquele momento Roberto Carlos também entrava numa fase religiosa gravando "Jesus Cristo eu estou aqui".

Mas era impossível prever que décadas depois tivéssemos uma rica indústria de padres e bispos cantores e toda uma gama de ídolos pop gospel. Tudo confirmando como o filme foi original, ousado e presciente ao contar a história de um certo Steven Shorter, que não tinha noção de quem era ou que deveria fazer, uma máquina de criar dinheiro para seus patrocinadores e exploradores.

O filme não faz sermão, registra apenas como a uma boa reportagem (o diretor Watkins era documentarista e  fez outros filmes no estilo, sem ter no entanto a fama que merecia).

A pintora é feita pela mulher mais bela daquele momento Jean Shrimpton (uma boneca) que faria só mais um filme e sumiria. O protagonista Paul Jones era famoso por ter recusado ser o vocalista dos Rolling Stones, chegou a fazer muito disco (foi Peron no disco original de Evita), peças musicais e TV.

O mais estranho, porém, é que na época era ateu, mas nos anos 80 foi convertido por outro roqueiro Cliff Richard e se tornou porta voz evangélico!

Ou seja, o filme realmente foi profético! Infelizmente não é possível assistir o filme hoje com os olhos mais ingênuos de antigamente e entender toda sua importância e originalidade.

Talvez seja mesmo o melhor filme já feito sobre o mundo do rock e música pop.