Lançado às pressas e em poucas salas, este foi o filme finalista do Oscar de filme estrangeiro. Perdeu para o consagrado A Separação, ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes (11), foi indicado ao Independente Spirit Award, participou do Festival de Nova York, dentre outras honrarias.
Talvez seja um filme para públicos seletos, nem tanto pela origem, mas pela temática, que supõe um público atento e informado. O diretor que já havia sido indicado antes pelo interessante Beaufort se inspirou num fato que quase aconteceu com ele e lhe serviu de motivação para imaginar o que poderia ter acontecido.
Como diz o próprio release, é a história de uma grande rivalidade entre pai e filho. Eliezer e Uriel Shkolnik são professores excêntricos, que dedicaram suas vidas ao estudo do Talmude. O pai, Eliezer, é um purista que não gosta do mundo acadêmico e que jamais foi reconhecido pelo seu trabalho.
Mas o seu filho Uriel é uma estrela em ascensão que gosta de ser reconhecido e bajulado. Um dia, a situação muda de figura. Quando Eliezer sabe que vai receber o Prêmio Israel, uma grande honraria da vida acadêmica no país, sua vaidade e a necessidade desesperada de reconhecimento ficam expostas.
Seu filho, Uriel, fica muito contente porque seu pai, finalmente, será reconhecido, mas, por uma irônica reviravolta, é obrigado a escolher entre a sua carreira e o apoio a seu pai. Será que ele vai sabotar a glória do seu pai?
Não sei se uma situação dessas ocorreria em outro lugar do mundo, de forma tão clara, já que só mesmo em Israel haveria o estudo de um livro sagrado levado tão a sério por gerações. Mas o conflito pai e filho são universais e não mudou muito com o passar do tempo. Por isso, nós que trabalhamos com universidade, cátedras e premiações, iremos entender muito claro o drama do filme. Ou seja, quem for pai, for filho, for injustiçado, vai entender claramente o que é admirar e invejar, ter orgulho e vergonha, na incrivelmente difícil relação familiar.
Ou seja, ainda que para um público limitado, Nota de Rodapé é um filme inquietante e sério.