Crítica sobre o filme "Filha do Pai, A":

Rubens Ewald Filho
Filha do Pai, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/12/2012

Deve chegar aos cinemas no dia 21 de dezembro, mas vou aproveitar para recomendar desde já este belo filme que marcou a estreia do bom ator Auteil como diretor.

É simples: se trata de uma nova e caprichada adaptação de uma obra do famoso diretor e escritor da Provence Marcel Pagnol (1895-1974), que antes era conhecido principalmente pela trilogia Fanny (que os americanos transformaram em um único filme, em 1961, com Leslie Caron, Maurice Chevalier e Charles Boyer).

Foi com uma adaptação de uma obra dele, que Auteil ficou famoso (Jean de Florette e A Vingança de Manon, de 1986). Mais tarde, houve outra dupla memorável também inspirada em obras dele (primeiro escrevia e depois passava para o cinema) que foi O Castelo de Minha Mãe e A Glória do Meu Pai (1990), ambos de Yves Robert. Pois quem gostou desses filmes também vai apreciar este, que tem basicamente a mesma origem e qualidades.

Auteil adaptou a história que já havia sido filmada (inédito aqui), chamada literalmente A Filha do Cavador de Poços (no Brasil acharam mais sugestivo e contemporâneo ela ser filha do pai, o que não é mentira porque ele é ciumento e possessivo).

O original de 1940, trazia no elenco Raimu, Josette Day e o famoso comediante Fernandel (Don Camillo), aqui substituído pelo também comediante e atualmente muito popular na França, Kad Merad (que é argelino árabe de nascimento e descendência).

Basicamente a história começa na segunda década do século passado, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, quando no interior um homem remediado (Kad) se interessa pela filha prendada do seu amigo, justamente que vive de abrir poços Pascal Amoretti.

A moça Patricia realmente é de boa índole (feita por Astrid Bergès-Frisbey de Os Piratas do Caribe, fazia a sereia) e obediente. Mas por uma série de coincidências e artimanhas se encanta e se deixa seduzir por um loirinho metido (Nicolas) de família mais abastada, que naturalmente desaprova qualquer flerte abaixo de sua condição social.

O moço vai para a guerra como piloto e Patricia descobre que, para sua desgraça, está grávida. O pai a deserda e expulsa de casa. Mas... meu resumo fez parecer que é um melodrama daqueles. Nada disso, é um filme solar, encantador, romântico, agradável de ver, que resolve todos os problemas com habilidade.

Bem recebido na França, deu origem mesmo a outro renascimento da obra de Pagnol (na verdade, um grande poeta da alma da Provence).