Crítica sobre o filme "Tira Acima da Lei, Um":

Rubens Ewald Filho
Tira Acima da Lei, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/12/2012

Embora já tenha sido lançado há algum tempo, vale o registro deste forte e interessante drama policial (também muito violento) que ficou inédito em nossos cinemas, mas chegou a ser indicado aos Prêmios Independent e Satelitte porque Woody Harrelson tem outra interpretação marcante (aliás, cercado por um ótimo elenco). Também o famoso escritor James Ellroy colaborou no roteiro. Na verdade, o diretor fez junto com ele antes o bem-sucedido O Mensageiro (novamente também com Buscemi e Ben Foster).

Woody está em todas as cenas do filme que não é fácil, nem comercial. Já foi dito que o diretor tentou criar o pior policial da história do cinema, mas nem sempre conseguiu convencer. Talvez porque o espectador decente se volte contra ele. A ação se passa em 1999: A Divisão Rampart (Rampart é o nome de uma rua local) foi famosa por se envolver em irregularidades com traficantes de drogas, emigrantes ilegais e toda sorte de sujeira. Parte de sua história é contada aqui. Mas o personagem nunca chega a ter uma dimensão humana e psicológica, ainda o que se mostre seja muito forte, com Dave falando mal de todo mundo, mulheres, minorias, políticos e até colegas.

Não é difícil imaginar qual será seu fim quando se une a cara das ruas (Ben), uma advogada desonesta (Robin), um informante aposentado (Ned) e mulheres que ele seduz sem compromisso. Tudo isso é filmado com todo tipo de ruído de cidade grande, fotografado com câmera na mão, montagem apressada, mais mesmo do que telejornal. O resultado é cru, com cores saturadas e pinta um retrato sem retoques da polícia americana. Que serve ao menos para constatar que não é muito diferente da nossa, talvez mesmo pior e mais impune! Ou seja, não é um filme agradável, mas é um tour de force de Woody que acabou se tornando um ator eficiente.