Crítica sobre o filme "Crepúsculo: Amanhecer Parte 2":

Rubens Ewald Filho
Crepúsculo: Amanhecer Parte 2 Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/11/2012

Estive pensando no fenômeno Crepúsculo. Talvez esta tenha sido a pior série (para cinema) de todos os tempos, já que não é possível compará-la com as séries de Hollywood dos anos 30/40 e até 50, nem mesmo as da Metro que eram mais caras (tipo Lassie, Dr. Kildare, Andy Hardy). Muito menos com os 50 anos de James Bond.

É um caso raríssimo uma série que começa mal, estoura de saída, mas vai melhorando devagarzinho, de tal forma que chegam a fazer uma conclusão bastante decente. Alguém se lembra de como eram pavorosos os efeitos especiais do primeiro filme? É que a produtora Summit não tinha grana para fazer melhor!

É incrível que pelo projeto passaram quatro diretores de razoável talento e nenhum deixou sua marca. Mas foi Bill Condon que rodou estes dois últimos filmes de forma que conseguiu um capítulo final (como em Harry Potter, a Summit, hoje já unida à Lion´s Gate, dividiu em duas partes o último livro da autora Stephanie Mayer, que foram rodados simultaneamente). Este é o quinto filme e no total a saga dura 608 minutos.

Sabem quanto já renderam os filmes até agora? A informação do Hollywood Reporter merece confiança e afirma que eles já renderam um bilhão de dólares nos Estados Unidos e 2 bilhões e meio de dólares no resto do mundo. Sem contar com este capítulo, naturalmente. Que seria o melhor da série se aqui no Brasil não tivéssemos um reparo grave a fazer. Nosso país, o Brasil neste capitulo não é apenas citado em determinado hora, como no momento chave da história aparece um índio brasileiro, meio vampiro, meio humano (como a filha do casal, em que puseram um nome pavoroso algo como Nesmeneer!). Primeiro surgem duas índias ditas brasileiras (não guardei o nome da tribo, mas me lembrava algo de tucano ou tucapi), claro que enormes, vestidas de couro, puxando mais para apache do que amazônica! Claro que o rapaz também tem cara de havaiano e a índia que aparece com ele veio diretamente da Malásia! E as roupas deles são totalmente americanizadas!

Será que a direção de arte não sabe fazer pesquisa, não pode consultar o Google, ainda mais que eles estiveram no Rio filmando. Não era difícil o figurinista ir ao Museu do Índio! Claro que a plateia riu debochando do ridículo! É uma mancha negra num filme que tinha até melhorado, imaginem só que mexeram na maquiagem de Kristen Stewart, que está mais bonita e melhor fotografada. Incomoda menos.

Na verdade, o filme mantém a atenção o tempo, até consegue certa emoção numa luta num lago gelado com os vilões Volturi, cheia de cabeças cortadas. Tive um choque quando esta sequência é cortada por uma reviravolta, mas acabou tudo se ajustando da melhor maneira (Naturalmente, quem rouba a sequência é o britânico Michael Sheen, que está brilhante como o supervilão, chefe dos Volturi, usando a medida certa de exagero e sarcasmo).

Uma repórter da RedeTV me perguntou na estreia por que as pessoas gostam tanto do tema vampiro e acho que vendo o filme eu entendi. Vampiro, apesar do gosto duvidoso de chupar sangue, ganha a vida eternal, nunca dorme, nunca se cansa e principalmente tem uma energia infinita para fazer sexo! O que se torna o esporte favorito de Bella!

O filme atual começa exatamente do momento em que parou o anterior, com Bella se ajustando à sua nova natureza de vampiro (e seu primeiro banquete será comer um leão da montanha, digo chupar o sangue). O problema é a filha deles, que poderia ser uma imortal. E aí tem que entrar um flashback para explicar que antigamente haviam existido crianças vampiras assim que tiveram que ser exterminadas porque não tinha qualquer controle de seu poder. Agora tem medo que a menina seja dessa forma.

Os pais e os amigos de Bela e Edward garantem que não existe esse problema, mas mesmo assim se prepara uma grande batalha entre os aliados do casal (que inclui também os lobisomens liderados pelo sempre fiel Jacob), que atraiu vampiros do mundo inteiro, que não estão satisfeitos com os Vultori. De qualquer forma, quase todo o elenco sobrevivente tem sua chance de aparecer. Embora eu tenha minha predileção por Ashley Greene (como a que lê o futuro) e Billy Burke (o pai de Bella que praticamente tem duas únicas cenas).

Talvez seja mais confuso que os anteriores, certamente é ofensivo ao Brasil (mas Velozes e Furiosos era pior e todo mundo adorou! Num país sério a reclamação já estaria voando para os produtores!). Mas apesar de tudo é mesmo o melhor da série.

Ah, estava esquecendo: gostei muito de no final, eles fazerem uma homenagem a todos atores que apareceram na série inteira, os identificando pelo nome. Pena que a maior parte do público alienado saía sem se dar conta disso.