Crítica sobre o filme "Marcados para Morrer":

Rubens Ewald Filho
Marcados para Morrer Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/11/2012

Já não há muito de novo para mostrar na profissão de policial em Los Angeles, dada a profusão de filmes e telefilmes em séries de tevê sobre o assunto. Mas este aqui faz uma tentativa honrosa e recebida até com elogios pela crítica americana (a história é genericamente inspirada na vida dos oficiais Charles Wunder e James McBride, que foram parceiros na Newton Divison, em meados dos anos 90). Foi bem também de bilheteria, custou apenas 7 milhões de dólares e já rendeu 38.

Começa de uma maneira muito eficiente, acompanhando uma perseguição de carro pela South Central, bairro latino e pobre de Los Angeles, seguido pelo inevitável tiroteio. Depois o oficial Wunder fala diretamente para a câmera (Jake, com cabeça raspada) se exibindo (o parceiro latino dele é mais discreto enquanto discutem a profissão). Dali em diante, essa câmera amadora e titubeante irá participar de uma reunião burocrática e seguir os heróis em nova zona de trabalho.

Logo esse visual de série de tevê de reality policial acaba irritando, enquanto eles passam por diversas aventuras do cotidiano (casal de drogados que não sabe onde estão seus bebês, a festa de 15 anos da irmã do latino, o namoro de Jake com uma garota que finalmente ele curte – feita por Anna Kendrick de Amor sem Escalas, uma batida numa boate) até eventualmente e sem querer descobrirem um esconderijo do cartel, o que os marca para morrer. Eles não levam muito a sério e Jake inclusive chega a se casar, mas a ameaça está no ar.

Nessa altura, a gente já se identificou e gosta da dupla, em particular do mexicano Peña (revelado ainda muito jovem em Star Maps/Calçada da Fama, depois Crash, Menina de Ouro), que constrói um personagem humano e simpático.

É uma qualidade dessa câmera na mão (fora os defeitos óbvios) que nos traz muito próximo dos personagens e ajuda a nos emocionar. Se algumas coisas são óbvias, não há dúvida que o filme é bastante realista, renova clichês e consegue um resultado muito acima da média.

Talvez tenha até mais impacto porque neste momento vivemos uma guerra civil não declarada entre bandidos e polícia, com toque de recolher e tudo. Que nos assusta e ameaça. O filme é mais um documento desta triste realidade.