Não faz muito tempo, uma peça muito curiosa fez uma temporada na Broadway sobre - imaginem só! era o que faltava: uma comédia sobre a invenção do vibrador! Não chegou a fazer muito sucesso, mas descubro agora que foi filmada na Inglaterra com o título de Hysteria (2011) e que está estreando agora nos cinemas brasileiros. Dirigido (nada mais adequado) por uma mulher, a americana Tania Wexler, que é sobrinha do grande fotógrafo Haxwell Wexler, fez antes dois filmes Finding North, 98 e Ball in the House, 11). Quem escreveu o texto original garante que tudo é baseado em fatos reais, muito pesquisados e autênticos.
É preciso reafirmar isso, já que fica difícil acreditar em algumas coisas. O fato é que antigamente era muito comum se falar numa doença feminina envolvida em mistério chamada Histeria, porque parecia ser uma coisa vergonhosa. Na verdade, se resumia num fato. Por mais que os médicos retrógrados e os maridos ausentes e desinteressados quisessem negar, as mulheres tinham necessidade de sexo. Com sua ausência, elas ficavam perturbadas e se comportavam de tal maneira que muita gente achava que elas sofriam de doenças mentais e as internavam em sanatórios, onde as coitadas sofriam o diabo.
A história aqui se passa no final do século em Londres, quando ainda muitos médicos recusam admitir que existem micróbios que provocam infecções (nem se lavava as mãos) e um jovem doutor Mortimer (Hugh Dancy, marido de Clare Danes, atualmente na Broadway com outra peça sobre sexo Venus in Fur). Ele perdeu os pais, foi patrocinado por um nobre (Rupert Everett) e não tem se dado bem com os colegas.
Até quando encontrar um Dr. Robert (Jonathan Pryce) especialista em doenças femininas que o contrata como assistente. Sua missão é hilariante, mas tudo é feito com o maior decoro e descrição. Fazer massagens no órgão sexual feminino para provocar orgasmos. A palavra ainda não era usada e o alívio era imediato. E, assim, eles amealham uma grande freguesia de burguesas ricas e insatisfeitas.
Mas o coitado do Mortimer, de tanto usar os dedos, acaba ficando com cãibras e perde o emprego. O Dr. Robert que havia lhe prometido a clientela e a mão da filha boazinha (Felicity Jones de Like Crazy) o despede enquanto ele se deixa seduzir pela irmã mais velha que é feminista e revolucionária (a americana Maggie Gyllenhaal).
Tudo se resolve quando Everett, meio por acaso, acaba descobrindo um aparelho de massagem que irá evoluir para o vibrador, que no diz o letreiro final é o sex toy mais popular do mundo! É um santo remédio para libidos necessitadas. Achei o filme um pouco tímido e recatado demais, com medo de cair na pornochanchada e, por isso mesmo, perdendo parte das risadas. Com certeza até hoje ele ainda deve provocar certos rubores e risadinhas nervosas. E algumas boas gargalhadas.